"4" Post(s) arquivados na Tag: minhas histórias

14 de junho de 2022

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Cadê o amor?

Por Eriane Dantas

Arrepiam-me
a apatia
a conivência com a barbárie
a comemoração da dor
do outro
Por que não incomoda
se o outro
passa fome
padece
tem a vida ceifada?
Por que o próximo 
sempre merece
os males 
mesmo causados 
por terceiros?
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24 de maio de 2022

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Ontem eu sonhei com o Saramago

Por Eriane Dantas

Ontem eu sonhei com o Saramago. José Saramago. O escritor português conhecido pelos longos parágrafos e pelo uso não convencional das vírgulas.

Não me lembro do seu rosto ou da nossa interação (ou se alguma ocorreu). Só sei que era ele ali, marcando presença na minha mente durante o sono.

Ele apareceu em meu sonho sem mais nem menos. Faz semanas que iniciei e interrompi a leitura de o Memorial do Convento (fui até a metade do livro). Vou retomá-la mais adiante.

Falando assim, dou a impressão de que me refiro a um conhecido, um familiar, um amigo. A verdade é que me sinto íntima do Saramago quando visito suas obras.

Para além de seu estilo único de escrita, admiro seu modo de narrar, sua ironia, a crítica política e social sempre presente em seus textos. Toda vez que leio um livro do autor, acabo acreditando que posso saramaguear, que sou capaz de criar uma obra significativa; começo a ter ideias e vontade de ousar.

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12 de maio de 2022

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A mãe da Babi

Ilustração de Bianca Lana.

Mãe de alguém. Chega um momento na vida em que passamos a ser conhecidas assim, como se nos faltassem nomes. Meu filho ainda nem saiu das fraldas e eu já reparo nisso de vez em quando.

A mãe da Babi, de Um ipê de cada cor, vive essa experiência. Não sabemos o seu nome. Não sabemos muito sobre a sua história. Ela é a mãe da Babi e da Ana.

Mas nos inteiramos de seu ingresso no mundo materno, de sua preocupação em repetir os erros com a segunda filha, de sua forma de amar as duas.

Ainda no ensino médio, ela conheceu um garoto que se tornou um amigo inseparável. A amizade cresceu, se modificou e, de repente, como não é raro na juventude, os dois acharam que não viveriam um sem o outro. Da paixão veio a surpresa: logo o casal traria mais um ser ao mundo.

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26 de abril de 2022

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Minhas versões

Por Eriane Dantas

Na infância, imaginamos os adultos bem-resolvidos, donos de si. Quando chegamos a essa etapa, porém, descobrimos: adulto é, em geral, uma criança que bate cartão, paga boletos e oculta sua infantilidade. Adultos não são imunes ao medo, à insegurança, aos traumas, à ansiedade, à vontade de chorar e espernear de vez em quando.

De tempos em tempos, reflito sobre o caminho que trilhei até aqui e idealizo o que encontrarei logo ali, à frente (não, esse trajeto não consta em GPS e mapas). Olho pelo retrovisor e comparo esta “eu” de hoje com aquelas que fui deixando para trás.

Já encarnei tantas versões. A lembrança de algumas me causa riso ou nostalgia; um punhado delas eu esqueceria de bom grado; outras, eu deveria viajar no tempo para consertar. De todo modo, elas não ficaram para trás de fato; vão no porta-malas, deslocando-se nas curvas, sacolejando nas estradas esburacadas.

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