"4" Post(s) arquivados na Mês: maio 2021

25 de maio de 2021

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É proibido não amar os clássicos

Por Eriane Dantas

Não me apaixonei por Mrs Dalloway, de Virginia Woolf, ou por A hora da estrela, de Clarice Lispector. Abandonei A cidade e as serras, de Eça de Queiroz, e O processo, de Franz Kafka.

Se você continua aqui, não me julgou mal por meu primeiro parágrafo. Mas diz a verdade: o que você está pensando de mim aí?

Já percebeu que, se alguém insere os nomes desses autores e dessas autoras e seus livros numa afirmação desfavorável, o seu interlocutor quase sempre torce o nariz? É porque eles fazem parte de uma categoria chamada “clássicos”.

Não sei você. Eu logo imagino algo intocável toda vez que escuto a palavra “clássico”. Para tirar a dúvida, fui buscar o significado no dicionário:

  • Diz-se da obra ou do autor que é de estilo impecável e constitui modelo digno de admiração.
  • Que constitui modelo em belas-artes.
  • Que obedece a certo padrão de técnica ou de estilo.
  • Autor de obra literária ou artística digna de ser imitada.
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18 de maio de 2021

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[Resenha] O conto que não existe

Por Luis Diaz

  • Título Original: O conto que não existe
  • Gênero do Livro: Conto
  • Editora: SESI-SP
  • Ano de Publicação: 2014
  • Número de Páginas: 36
Sinopse: O grande segredo da Rainha das Fadas estaria ameaçado? Ora, dirá você, fadas não existem! Pois é, mas ainda assim queremos saber o que está tramando a Fada Turva com seus trasgos e por que o duende que toma conta do jardim real está tão preocupado. Não precisa dizer, também sei que duendes e trasgos não existem! Para saber o fim desta história, só lendo este conto que não existe...
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O conto que não existe, escrito e ilustrado por Luis Diaz, me atraiu pela capa e pelo título (foi justamente por isso que o comprei). Diz-se que não se pode julgar um livro pela capa (para o bem ou para o mal). Quem nunca o fez que atire a primeira pedra.

Gostaria de contar para você um conto de fadas. Eu sei que fadas não existem, nem magias, e que você não acredita nessas besteiras (p. 5).

Esse é um conto de fadas. Quero dizer, o próprio narrador afirma que fadas não existem. Sendo assim, o conto também não existe.

Afinal, ninguém acredita em magia, mas todo mundo usa computador. Você digita. Esquece um acento e ele coloca. Erra uma palavra e ele corrige. Quer magia maior? Então… (p. 5).

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11 de maio de 2021

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Padecer no paraíso

Por Eriane Dantas

Ser mãe é padecer no paraíso — dizem as mães com sorrisos nos lábios.

Acho esse ditado um tanto infeliz, além de ineficaz quando se trata de atrair novas candidatas à maternidade. Aliás, nunca compreendi a necessidade que têm as mães de ver todas mulheres do mundo vivendo essa experiência. Se uma mulher confessar, diante de um grupo de mães, que não planeja ter filhos, vai escutar de 95% delas a seguinte resposta: “Ah, mas você tem que ter pelo menos um”. Pode testar!

Quando eu ouvia esse tipo de afirmação, revirava os olhos em pensamento. Primeiramente, porque qualquer frase que comece com “você tem que” não pode terminar bem. Em segundo lugar, se nem eu tenho certeza sobre as melhores escolhas para mim (eu, que vivo em mim há décadas), como outra pessoa terá?

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04 de maio de 2021

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[Resenha] Casa de alvenaria

Por Carolina Maria de Jesus

  • Título Original: Casa de alvenaria: diário de uma ex-favelada
  • Gênero do Livro: Diário
  • Editora: LeBooks
  • Ano de Publicação: 2019
Sinopse: Casa de alvenaria: diário de uma ex-favelada foi escrito em 1961, por uma improvável autora. Carolina Maria de Jesus era negra e passou a maior parte de sua vida morando numa favela e trabalhando como catadora de papel. No entanto, frequentou a escola e, em pouco tempo, aprendeu a ler e a escrever e desenvolveu o gosto pela leitura. Seu primeiro livro foi Quarto de despejo: diário de uma favelada, que alcançou grande sucesso e foi traduzido para diversas línguas. A partir dai, não parou mais de escrever e seu segundo grande sucesso foi Casa de alvenaria, um livro tocante, no qual Carolina de Jesus conta, por meio de um diário, sua nova perspectiva de vida, já morando em uma verdadeira casa de tijolos. Nessa narrativa os dias assumem uma nova dimensão deixando de ser sempre iguais e precedidos pela fome. As surpresas, os choques, as grandes alegrias e os desencantos se sucedem neste registro de grande valor humano e de grande valia para a compreensão da realidade brasileira. Casa de alvenaria é uma leitura tocante e inesquecível.

Casa de alvenaria: diário de uma ex-favelada, de Carolina Maria de Jesus, é a continuação do livro Quarto de despejo: diário de uma favelada. Agora, após o lançamento do primeiro livro — obra de grande sucesso, traduzida para outros idiomas —, Carolina e os três filhos saem do quarto de despejo e ingressam na sala de visitas.

A tristeza estava residindo comigo há muito tempo. Veio sem convite. Agora a tristeza partiu, porque a alegria chegou. Para onde será que foi a tristeza? Deve estar alojada num barraco da favela (p. 25).

Aqui o maior conflito da autora não é mais a fome (tão presente em Quarto de despejo), mas sua entrada em um mundo estranho, o qual não compreende muito bem, onde passa a valer pelo dinheiro que tem (ou que pensam que ela tem). A toda hora alguém a procura para pedir dinheiro emprestado, para representar alguma causa. Isso e a rotina de viagens e de eventos relacionados ao lançamento da obra tiram-lhe o tempo da escrita, o que é causa de angústia.

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