"4" Post(s) arquivados na Tag: literatura portuguesa

24 de maio de 2022

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Ontem eu sonhei com o Saramago

Por Eriane Dantas

Ontem eu sonhei com o Saramago. José Saramago. O escritor português conhecido pelos longos parágrafos e pelo uso não convencional das vírgulas.

Não me lembro do seu rosto ou da nossa interação (ou se alguma ocorreu). Só sei que era ele ali, marcando presença na minha mente durante o sono.

Ele apareceu em meu sonho sem mais nem menos. Faz semanas que iniciei e interrompi a leitura de o Memorial do Convento (fui até a metade do livro). Vou retomá-la mais adiante.

Falando assim, dou a impressão de que me refiro a um conhecido, um familiar, um amigo. A verdade é que me sinto íntima do Saramago quando visito suas obras.

Para além de seu estilo único de escrita, admiro seu modo de narrar, sua ironia, a crítica política e social sempre presente em seus textos. Toda vez que leio um livro do autor, acabo acreditando que posso saramaguear, que sou capaz de criar uma obra significativa; começo a ter ideias e vontade de ousar.

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10 de agosto de 2021

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Três livros sobre pais

É senso comum a ausência de boa parte dos pais brasileiros na educação, no sustento e no cuidado dos filhos. Cerca de doze milhões de lares no Brasil são chefiados unicamente por mulheres, conforme dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Persiste também o não reconhecimento da paternidade. Segundo informações da Associação Nacional dos Registradores de Pessoas Naturais (Arpen-Brasil), quase 100 mil crianças nascidas no primeiro semestre de 2021 foram registradas apenas com o nome da mãe.

Diante desse retrato de abandono paterno, sinto certo constrangimento ao celebrar o dia dos pais. Acredito, no entanto, que a situação vem mudando e que uma parcela dos homens vem assumindo seu papel de pais.

Longe de querer santificar os homens que se esforçam para ser pais de verdade (afinal, eles não fazem mais do que sua obrigação), mostrar esses exemplos, na minha opinião, pode incentivar outros genitores a quebrarem o padrão, a se envolverem na vida dos filhos, a descobrirem as vantagens que essa convivência pode trazer tanto para seus descendentes, quanto para si mesmos. Então, hoje eu apresento três livros que retratam pais e filhos em uma relação próxima, pais presentes e participantes.

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04 de agosto de 2020

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[Resenha] Morreste-me

Por José Luís Peixoto

  • Título Original: Morreste-me
  • Gênero do Livro: Novela
  • Editora: Dublinense
  • Ano de Publicação: 2015
  • Número de Páginas: 64
Sinopse: "Morreste-me" foi o livro que revelou o escritor português José Luís Peixoto. Publicada em 2000, é uma obra tocante e comovente: é o relato da morte do pai, o relato do luto e, ao mesmo tempo, uma homenagem, uma memória redentora.
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Comigo, a casa estava mais vazia. O frio entrava e, dentro de mim, solidificava (p. 17).

Morreste-me é o nome dessa obra de José Luís Peixoto, e seu título delata o impacto que o texto causa no leitor.

José Luís Peixoto é um escritor português cujas obras têm sido premiadas e bem recepcionadas pela crítica literária mundo afora.

Morreste-me é difícil de digerir: traz um tema pesado (com o qual ninguém gostaria de lidar), com uma escrita que potencializa o incômodo do tema.

Em primeira pessoa, o narrador fala da morte do pai, como se com ele conversasse. Relembra os momentos vividos juntos, a aproximação da morte, os ensinamentos do pai, mesclando o passado com o presente: o presente em que o filho não tem mais o pai ao lado.

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13 de junho de 2020

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[Resenha] O conto da ilha desconhecida

Por José Saramago

  • Título Original: O conto da ilha desconhecida
  • Gênero do Livro: Conto
  • Editora: Companhia das Letras
  • Ano de Publicação: 1998
  • Número de Páginas: 64
Sinopse: Um homem vai ao rei e lhe pede um barco para viajar até uma ilha desconhecida. O rei lhe pergunta como pode saber que essa ilha existe, já que é desconhecida. O homem argumenta que assim são todas as ilhas até que alguém desembarque nelas.Este pequeno conto de José Saramago pode ser lido como uma parábola do sonho realizado, isto é, como um canto de otimismo em que a vontade ou a obstinação fazem a fantasia ancorar em porto seguro. Antes, entretanto, ela é submetida a uma série de embates com o status quo, com o estado consolidado das coisas, como se da resistência às adversidades viesse o mérito e do mérito nascesse o direito à concretização. Entre desejar um barco e tê-lo pronto para partir, o viajante vai de certo modo alterando a ideia que faz de uma ilha desconhecida e de como alcançá-la, e essa flexibilidade com certeza o torna mais apto a obter o que sonhou. [...]
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Que é necessário sair da ilha para ver a ilha, que não nos vemos se não nos saímos de nós (p. 41).

Sou uma grande admiradora do estilo de José Saramago, da crítica e da ironia presentes em suas obras. Conheci e recomendo O ensaio sobre a cegueira, A jangada de pedra e O evangelho segundo Jesus Cristo (este último em especial). Sempre que leio algo do autor, sinto-me inspirada a escrever textos que façam rir e pensar de uma vez só. Mesmo assim, ainda não havia comentado livros de Saramago aqui.

Vou explicar o porquê: tive receio de escrever, de maneira simples, sobre um escritor cujos trabalhos rendem análises de estudiosos. Bobagem minha, reconheço, pois todos que me acompanham sabem que não sou especialista em literatura (infelizmente não me formei na área). Sou apenas uma apreciadora de livros, tentando aprender mais sobre leitura e escrita.

Então vamos lá. Vamos espantar daqui a insegurança.

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