Mãe de alguém. Chega um momento na vida em que passamos a ser conhecidas assim, como se nos faltassem nomes. Meu filho ainda nem saiu das fraldas e eu já reparo nisso de vez em quando.
A mãe da Babi, de Um ipê de cada cor, vive essa experiência. Não sabemos o seu nome. Não sabemos muito sobre a sua história. Ela é a mãe da Babi e da Ana.
Mas nos inteiramos de seu ingresso no mundo materno, de sua preocupação em repetir os erros com a segunda filha, de sua forma de amar as duas.
Ainda no ensino médio, ela conheceu um garoto que se tornou um amigo inseparável. A amizade cresceu, se modificou e, de repente, como não é raro na juventude, os dois acharam que não viveriam um sem o outro. Da paixão veio a surpresa: logo o casal traria mais um ser ao mundo.
Cabelo loiro meu artista a alegria da casa o motivo literal desta casa construída Todo dia esqueço a sua idade acho graça nas mesmas frases me admiro com o seu raciocínio espalho por aí suas peripécias peço à memória: mantenha intactos estes momentos
Sucede em meu peito um reboliço se os meus olhos miram sua imagem, os meus ouvidos captam a sua voz numa risada num cumprimento carinhoso numa palavra com letras trocadas
Ser mãe é padecer no paraíso — dizem as mães com sorrisos nos lábios.
Acho esse ditado um tanto infeliz, além de ineficaz quando se trata de atrair novas candidatas à maternidade. Aliás, nunca compreendi a necessidade que têm as mães de ver todas mulheres do mundo vivendo essa experiência. Se uma mulher confessar, diante de um grupo de mães, que não planeja ter filhos, vai escutar de 95% delas a seguinte resposta: “Ah, mas você tem que ter pelo menos um”. Pode testar!
Quando eu ouvia esse tipo de afirmação, revirava os olhos em pensamento. Primeiramente, porque qualquer frase que comece com “você tem que” não pode terminar bem. Em segundo lugar, se nem eu tenho certeza sobre as melhores escolhas para mim (eu, que vivo em mim há décadas), como outra pessoa terá?
Título Original: Casa de alvenaria: diário de uma ex-favelada
Gênero do Livro: Diário
Editora: LeBooks
Ano de Publicação: 2019
Sinopse: Casa de alvenaria: diário de uma ex-favelada foi escrito em 1961, por uma improvável autora. Carolina Maria de Jesus era negra e passou a maior parte de sua vida morando numa favela e trabalhando como catadora de papel. No entanto, frequentou a escola e, em pouco tempo, aprendeu a ler e a escrever e desenvolveu o gosto pela leitura. Seu primeiro livro foi Quarto de despejo: diário de uma favelada, que alcançou grande sucesso e foi traduzido para diversas línguas. A partir dai, não parou mais de escrever e seu segundo grande sucesso foi Casa de alvenaria, um livro tocante, no qual Carolina de Jesus conta, por meio de um diário, sua nova perspectiva de vida, já morando em uma verdadeira casa de tijolos. Nessa narrativa os dias assumem uma nova dimensão deixando de ser sempre iguais e precedidos pela fome. As surpresas, os choques, as grandes alegrias e os desencantos se sucedem neste registro de grande valor humano e de grande valia para a compreensão da realidade brasileira. Casa de alvenaria é uma leitura tocante e inesquecível.
Casa de alvenaria: diário de uma ex-favelada, de Carolina Maria de Jesus, é a continuação do livro Quarto de despejo: diário de uma favelada. Agora, após o lançamento do primeiro livro — obra de grande sucesso, traduzida para outros idiomas —, Carolina e os três filhos saem do quarto de despejo e ingressam na sala de visitas.
A tristeza estava residindo comigo há muito tempo. Veio sem convite. Agora a tristeza partiu, porque a alegria chegou. Para onde será que foi a tristeza? Deve estar alojada num barraco da favela (p. 25).
Aqui o maior conflito da autora não é mais a fome (tão presente em Quarto de despejo), mas sua entrada em um mundo estranho, o qual não compreende muito bem, onde passa a valer pelo dinheiro que tem (ou que pensam que ela tem). A toda hora alguém a procura para pedir dinheiro emprestado, para representar alguma causa. Isso e a rotina de viagens e de eventos relacionados ao lançamento da obra tiram-lhe o tempo da escrita, o que é causa de angústia.
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