03 de fevereiro de 2022

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[Resenha] A revolução dos bichos

Por George Orwell

  • Título Original: Animal Farm: a Fairy Story
  • Gênero do Livro: Romance
  • Editora: Companhia das Letras
  • Ano de Publicação: 2007
  • Número de Páginas: 147
Sinopse: Cansados da exploração a que são submetidos pelos humanos, os animais da Granja do Solar rebelam-se contra seus donos e tomam posse da fazenda, com o objetivo de instituir um sistema cooperativo e igualitário, sob o slogan ”Quatro pernas bom, duas pernas ruim”.
Mas não demora muito para que alguns bichos – em particular os mais inteligentes, os porcos – voltem a usufruir de privilégios, reinstituindo aos poucos um regime de opressão, agora inspirado no lema “Todos os bichos são iguais, mas alguns bichos são mais iguais que outros”. A história da insurreição libertária dos animais é reescrita de modo a justificar a nova tirania, e os dissidentes desaparecem ou são silenciados à força.
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A revolução dos bichos, de George Orwell, completou mais de sete décadas de existência. Conhecida mundo afora, a obra é frequentemente recomendada em listas de leitura e considerada uma referência na literatura. Quem nunca a leu, porém, pode julgá-la uma história infantil, devido ao título e aos personagens da história, que são realmente bichos. Na verdade, o livro é uma fábula sobre poder, política, relações humanas.

Os animais subiram e olharam em volta, à luz clara da manhã. Sim, era deles tudo o que enxergavam era deles! (p. 23)

Apesar do conceito que adquiriu com o passar dos anos, A revolução dos bichos foi rejeitada por quatro editores (e, segundo o autor, apenas em um dos casos por motivos políticos) e, mesmo quando foi publicada em 1945, no final da Segunda Guerra Mundial e ainda durante a ditadura stalinista na União Soviética, a obra causou polêmica e mal-estar no meio literário e político. Isso porque é uma sátira explícita do regime de Stálin, e a União Soviética era uma aliada, naquele momento, contra o nazismo.

O autor, um socialista inglês nascido na Índia Britânica, se incomodou com o uso que se fez de sua obra na época da Guerra Fria, como arma anticomunista. No prefácio à edição ucraniana de 1947, Orwell explica que a sua intenção não era criticar ou desacreditar o socialismo, e sim desfazer o mito de que a União Soviética sob o comendo de Stálin vivia em um regime socialista. Para ele, esse mito só enfraquecia e prejudicava o movimento socialista, pelo qual ele próprio lutava.

O objetivo do autor, ao escrever o livro, foi mostrar, de forma clara e fácil, às pessoas da Europa Ocidental como era o regime vivido na União Soviética.

De fato, a obra é clara. No decorrer da leitura, rapidamente fazemos associações, mesmo que não conheçamos a fundo o contexto histórico em que Orwell se baseou. Infelizmente, os acontecimentos de A revolução dos bichos não retratam apenas a União Soviética. Esses acontecimentos se repetiram ao longo da história e ainda se repetem.

A revolução dos bichos apresenta uma fazenda, a Granja do Solar, em que os animais, cansados da exploração e influenciados pelo Velho Major, um porco de doze anos de idade muito considerado por ali, expulsam o humano e tomam o comando da propriedade. O Velho Major previu uma rebelião que aconteceria com o desaparecimento dos seres humanos, tendo como lema o seguinte:

O que quer que ande sobre duas pernas é inimigo, o que quer que ande sobre quatro patas, ou tenha asas, é amigo (p. 15).

Há entre os animais, porém, aqueles que não entendem a tal rebelião; há aqueles que não veem sentido em lutar por algo que é inevitável; há aqueles ainda que prefeririam viver a vida de antes. Mas, no geral, os bichos trabalham unidos, decidindo juntos, e percebem o quão diferente é a vida quando se pode usufruir dos resultados do seu trabalho.

Com o passar do tempo, a situação se modifica. Os porcos, os animais mais inteligentes da Granja do Solar, começam a buscar diferenciação em sua posição, a exigir privilégios, a obrigar os outros animais a servi-los.

A tarefa de instruir e organizar os outros recaiu naturalmente sobre os porcos, reconhecidos como os mais inteligentes dos bichos (p. 18).

O que se vê a partir de então é o declínio do regime de comunhão que se instalou, a volta da exploração (agora ainda mais brutal), a manipulação da verdade, o apagamento ou a reescrita dos fatos passados. De modo cruel e realista, os porcos enganam os outros animais e os fazem aceitar todas as suas propostas (inclusive expulsar o Bola-de-Neve, um dos porcos líderes da rebelião que acreditava na democracia). Os bichos passam então a esquecer o objetivo do movimento (até mesmo o lema da rebelião vai se apagando das memórias, e os porcos vão adaptando-o para atender a seus interesses).

Mesmo que ainda não tenha lido o livro, você deve suspeitar como essa história termina, mas não estragarei aqui a sua experiência de leitura. Só aviso que o final é um pouco bizarro.

Embora o livro trate de temas sérios, a leitura é prazerosa e pode ser feita em pouco tempo. Provavelmente porque personifica animais, possui um enredo próximo da nossa realidade e tem personagens bem construídos. No meu caso, a leitura evocou também uma mistura de sensações: pena, revolta, tristeza e outras que não sei descrever. Essa é, sem dúvida, uma daquelas obras que todo mundo deveria ter a oportunidade de conhecer e ler.

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