30 de setembro de 2024

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[Resenha] O baú de Faustina

De Valéria Silva

  • Título Original: O baú de Faustina
  • Gênero do Livro: Memórias
  • Editora: Quimera
  • Ano de Publicação: 2021
  • Número de Páginas: 434
Sinopse: Este livro tematiza a saga real de famílias rurais piauienses, sem terra e sem outras posses maiores, na dura estrada da vida. De pessoas que, deserdadas de berço de ouro, tiveram que inventar maneiras das mais diversas para (re)existir. Existir e resistir a tempos duríssimos de seca, de pobreza, de violência, de abandono. De mulheres que tiveram quase todos os seus caminhos vetados pelo machismo, princípio norteador das vidas e sociabilidades no meio rural piauiense. Portanto, é um livro das histórias humanas possíveis, em contextos exigentes. Algumas delas – histórias impossíveis – apenas tornadas realidade pela força e determinação dos sujeitos. Não obstante, é um livro de esperança. Ao fim, é possível ver que, por mais que todas as evidências apontem o contrário, há a possibilidade de se construir um caminho promissor.

O baú de Faustina se revelou para mim no primeiro dia da 3ª Feira Literária de Barra Grande, em Cajueiro da Praia, Piauí, em 27 de junho de 2024, em um dos bate-papos de lançamento de livros. Sua criadora, Valéria Silva, professora universitária que eu ainda não conhecia, lançava ali o livro de poesias Acenos da alma, e o mediador comentou sobre sua obra anterior.

No dia seguinte, participei de uma roda de conversa acerca da literatura produzida por mulheres, na qual se encontrava Valéria Silva, entre outras mulheres. Terminada a conversa, ela se aproximou de mim e me presenteou com um exemplar de O baú de Faustina, como se adivinhando o interesse que havia nascido em mim no dia anterior. Na dedicatória, ela desejou que a leitura me suscitasse “encontros identitários vários”. E eu posso adiantar que o desejo se realizou.

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13 de agosto de 2024

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Gratiluz

Ivan Ilitch vive uma vida normal e bem-sucedida do ponto de vista da sociedade: tem um bom emprego e uma família. Então vai seguindo até perceber que talvez sua vida não seja tão feliz. Em vez de reclamar ou tentar mudar o seu destino, entretanto, ele escolhe se acomodar e se entregar ao trabalho, o seu escape.

Isso muda quando é acometido de uma doença mortal, de uma dor lancinante, que vem e traz a solidão, o medo da partida. Ao contrário do que se espera, sua família e seus amigos lhe viram as costas — sua esposa chega a torcer por sua morte. Com isso, ele começa a se questionar sobre sua existência: fez o que era certo, mas será que viveu como deveria ter vivido?

Tenho pensado (já há um bom tempo) a respeito desse aspecto: a vida é isso mesmo? Ou há algo mais a ser vivido? Esse questionamento, por vezes, se interrompe quando encontra a ideia de que não devo reclamar; devo ser grata pelo que tenho, por tudo o que me acontece (até pelos fatos negativos).

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24 de junho de 2024

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A astronauta

Ela partiu ontem
num foguete rumo à Lua,
passou entre as nuvens,
enfeitou os cabelos com estrelas,
debochou da lei da gravidade.
Você mandou uma mensagem de rádio:
Seu brilho é tão intenso,
que nem preciso de telescópio
pra te ver aqui de baixo.
Surgiu ali uma porção de orgulho,
orgulho que raras vezes se viu
naqueles olhos que só miravam
os próprios pés.
Hoje ela despencou do alto.
Não olhe aí de cima
pela janela do seu foguetinho —
foi seu novo recado —,
não deixe a empáfia te levar
pra fora da galáxia.
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22 de maio de 2024

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[Resenha] Mulheres que não eram somente vítimas

De Regiane Folter

  • Título Original: Mulheres que não eram somente vítimas
  • Gênero do Livro: Novela
  • Editora: Folheando
  • Ano de Publicação: 2023
  • Número de Páginas: 96
Sinopse: Quem foi Mariana Tavares e como morreu? Essas são as perguntas que levam a determinada jornalista Maria Silva a investigar a misteriosa morte de uma adolescente. O que antes parecia um trágico acidente esconde um histórico de violência que impulsiona a jornalista em sua apuração em busca de justiça não só por Mariana, mas também por si própria e todas as mulheres que merecem ser mais do que vítimas.
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E se olhar para a dor do outro for um tratamento para as nossas próprias dores? Mulheres que não eram somente vítimas aponta nessa direção (e em outras tantas) numa narrativa que nos instiga a ler até o final.

O livro é o segundo da escritora brasileira Regiane Folter. O primeiro, uma coletânea de contos sobre o amor intitulada AmoreZ, apareceu por aqui há quase quatros anos.

O novo livro se inicia com a recusa da jornalista Maria em escrever uma matéria que lhe foi atribuída. Ela o faz com veemência, até com certa teimosia e uma boa dose de raiva, criando um desconforto com sua amiga editora.

O enredo não nos entrega de cara o porquê de sua reação, deixando-nos apenas com suposições e curiosidade. Pouco a pouco se conhece a protagonista, seu modo de pensar e agir, sua relação com o mundo, ao mesmo tempo em que se revela a história que serve de pano de fundo, a história de Mariana, o objeto do desgaste entre Maria e sua chefe Tatiana. Ao refazer os passos de Mariana, Maria tem a oportunidade de olhar para dentro de si, de reviver e reescrever sua própria história.

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