Quantas versões de histórias tradicionais (contos de fadas, fábulas, lendas) você conhece? Esses contos originários da tradição oral já inspiraram e seguem inspirando outras histórias. Saci e Iara, por exemplo, são personagens de O Sítio do Picapau Amarelo. Chapeuzinho Vermelho, para citar outro exemplo, já ganhou inúmeras cores (Chapeuzinho Amarelo, Chapeuzinhos coloridos etc.) e variações, assim como outras personagens de contos de fadas.
Essa inspiração não se restringe à literatura. Os contos populares são temas de filmes, desenhos animados, peças teatrais.
Em geral, essas novas versões são bem-humoradas, trazem uma crítica às versões originais ou tentam dar um ar politicamente correto às narrativas, cujo conteúdo, por vezes, não se adequa mais aos padrões atuais.
Sinopse: Amanda tem doze anos e acaba de perder a mãe. Sem conhecer o pai, toda sua esperança de conforto se volta para a avó, pessoa dura e intolerante, que já sofreu muito no passado. Por pouco mais de um ano, acompanhamos a vida de Amanda se ajustando às demandas cada vez mais extremas de Marlene: não fale com ninguém, não saia de casa, não use roupas chamativas, não tome banho de porta fechada.
Cerceando progressivamente o dia a dia da jovem, a avó constrói um lar que muito se assemelha a uma prisão seja para o corpo de Amanda, seja para a própria mente. Sob o pretexto de visões religiosas, as atitudes de Marlene levam a neta ao limite, mesmo que não consigam impedir que o primeiro amor brote no coração da menina.
Neste romance de estreia, Jarid Arraes mergulha fundo nas consequências do abuso físico e psicológico de crianças. Com uma prosa ágil e habilmente construída, ela nos mostra como essas marcas são criadas, e também como é possível escapar delas.
Como se imagina a vida de uma menina de doze anos? Cercada do carinho da família, dedicada apenas aos estudos, às brincadeiras, às amizades e até a um despertar para a vida adulta. Bem, deveria ser assim. Sei que essa não é a realidade de todas as meninas, como não é a de Amanda, a protagonista do romance Corpo desfeito, da jovem escritora Jarid Arraes.
Reconhecida poeta e cordelista, Jarid é um dos nomes da nova geração de escritores e escritoras do Brasil, uma representante nordestina que vem despontando no meio literário brasileiro.
Sinopse: O leitor será apresentado a um mundo fascinante e novo. A cultura, os costumes, o modus vivendi, enfim, é, entre os caboclos do Nordeste, algo que não se altera já há muito tempo. E exatamente isto, que não se altera, mas nos é novo, é o que Alvina Gameiro oferece.
Esse romance encanta não só pela história, mas também pela maneira como a história é contada. É um verdadeiro trabalho de teletransporte. Lendo o livro, nos sentimos entre aqueles que da terra vivem, naquela região que costuma ser tão estereotipada.
Desde que terminei a leitura de Curral de serras, de Alvina Gameiro, estou à procura de um adjetivo que o defina. Impressionante, surpreendente e encantador são palavras batidas e não refletem a grandiosidade dessa obra.
Curral de serras foi o penúltimo livro da autora, publicado em 1980, que também escreveu os títulos A vela e o temporal (1957), O vale das açucenas (1963), Chico Vaqueiro do meu Piauí (1979), entre outros.
Alvina Gameiro nasceu em 1917, em Oeiras, no Piauí, e faleceu em 1999, em Brasília, Distrito Federal (DF), depois de ter morado em diversas cidades do Brasil e do mundo. Teve uma rica carreira literária e uma formação bastante avançada para as mulheres de sua época (formou-se em artes plásticas na Escola Nacional de Belas Artes, no Rio de Janeiro, e graduou-se na Universidade de Colúmbia, em Nova Iorque, nos Estados Unidos). Ganhou prêmios literários, foi membro da Academia Piauiense de Letras e ministrou aulas de inglês e português.
Quem já leu a minha biografia aqui no blog sabe que nasci em Teresina, Piauí, e moro no DF há 23 anos (cheguei aqui justamente no ano em que Alvina se foi). Então, você pode suspeitar que a minha empolgação com essa obra se deve a uma espécie de bairrismo.
Mãe de alguém. Chega um momento na vida em que passamos a ser conhecidas assim, como se nos faltassem nomes. Meu filho ainda nem saiu das fraldas e eu já reparo nisso de vez em quando.
A mãe da Babi, de Um ipê de cada cor, vive essa experiência. Não sabemos o seu nome. Não sabemos muito sobre a sua história. Ela é a mãe da Babi e da Ana.
Mas nos inteiramos de seu ingresso no mundo materno, de sua preocupação em repetir os erros com a segunda filha, de sua forma de amar as duas.
Ainda no ensino médio, ela conheceu um garoto que se tornou um amigo inseparável. A amizade cresceu, se modificou e, de repente, como não é raro na juventude, os dois acharam que não viveriam um sem o outro. Da paixão veio a surpresa: logo o casal traria mais um ser ao mundo.
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