Sinopse: Este livro tematiza a saga real de famílias rurais piauienses, sem terra e sem outras posses maiores, na dura estrada da vida. De pessoas que, deserdadas de berço de ouro, tiveram que inventar maneiras das mais diversas para (re)existir. Existir e resistir a tempos duríssimos de seca, de pobreza, de violência, de abandono. De mulheres que tiveram quase todos os seus caminhos vetados pelo machismo, princípio norteador das vidas e sociabilidades no meio rural piauiense. Portanto, é um livro das histórias humanas possíveis, em contextos exigentes. Algumas delas – histórias impossíveis – apenas tornadas realidade pela força e determinação dos sujeitos. Não obstante, é um livro de esperança. Ao fim, é possível ver que, por mais que todas as evidências apontem o contrário, há a possibilidade de se construir um caminho promissor.
O baú de Faustina se revelou para mim no primeiro dia da 3ª Feira Literária de Barra Grande, em Cajueiro da Praia, Piauí, em 27 de junho de 2024, em um dos bate-papos de lançamento de livros. Sua criadora, Valéria Silva, professora universitária que eu ainda não conhecia, lançava ali o livro de poesias Acenos da alma, e o mediador comentou sobre sua obra anterior.
No dia seguinte, participei de uma roda de conversa acerca da literatura produzida por mulheres, na qual se encontrava Valéria Silva, entre outras mulheres. Terminada a conversa, ela se aproximou de mim e me presenteou com um exemplar de O baú de Faustina, como se adivinhando o interesse que havia nascido em mim no dia anterior. Na dedicatória, ela desejou que a leitura me suscitasse “encontros identitários vários”. E eu posso adiantar que o desejo se realizou.
Quantas versões de histórias tradicionais (contos de fadas, fábulas, lendas) você conhece? Esses contos originários da tradição oral já inspiraram e seguem inspirando outras histórias. Saci e Iara, por exemplo, são personagens de O Sítio do Picapau Amarelo. Chapeuzinho Vermelho, para citar outro exemplo, já ganhou inúmeras cores (Chapeuzinho Amarelo, Chapeuzinhos coloridos etc.) e variações, assim como outras personagens de contos de fadas.
Essa inspiração não se restringe à literatura. Os contos populares são temas de filmes, desenhos animados, peças teatrais.
Em geral, essas novas versões são bem-humoradas, trazem uma crítica às versões originais ou tentam dar um ar politicamente correto às narrativas, cujo conteúdo, por vezes, não se adequa mais aos padrões atuais.
Sinopse: Amanda tem doze anos e acaba de perder a mãe. Sem conhecer o pai, toda sua esperança de conforto se volta para a avó, pessoa dura e intolerante, que já sofreu muito no passado. Por pouco mais de um ano, acompanhamos a vida de Amanda se ajustando às demandas cada vez mais extremas de Marlene: não fale com ninguém, não saia de casa, não use roupas chamativas, não tome banho de porta fechada.
Cerceando progressivamente o dia a dia da jovem, a avó constrói um lar que muito se assemelha a uma prisão seja para o corpo de Amanda, seja para a própria mente. Sob o pretexto de visões religiosas, as atitudes de Marlene levam a neta ao limite, mesmo que não consigam impedir que o primeiro amor brote no coração da menina.
Neste romance de estreia, Jarid Arraes mergulha fundo nas consequências do abuso físico e psicológico de crianças. Com uma prosa ágil e habilmente construída, ela nos mostra como essas marcas são criadas, e também como é possível escapar delas.
Como se imagina a vida de uma menina de doze anos? Cercada do carinho da família, dedicada apenas aos estudos, às brincadeiras, às amizades e até a um despertar para a vida adulta. Bem, deveria ser assim. Sei que essa não é a realidade de todas as meninas, como não é a de Amanda, a protagonista do romance Corpo desfeito, da jovem escritora Jarid Arraes.
Reconhecida poeta e cordelista, Jarid é um dos nomes da nova geração de escritores e escritoras do Brasil, uma representante nordestina que vem despontando no meio literário brasileiro.
Sinopse: O leitor será apresentado a um mundo fascinante e novo. A cultura, os costumes, o modus vivendi, enfim, é, entre os caboclos do Nordeste, algo que não se altera já há muito tempo. E exatamente isto, que não se altera, mas nos é novo, é o que Alvina Gameiro oferece.
Esse romance encanta não só pela história, mas também pela maneira como a história é contada. É um verdadeiro trabalho de teletransporte. Lendo o livro, nos sentimos entre aqueles que da terra vivem, naquela região que costuma ser tão estereotipada.
Desde que terminei a leitura de Curral de serras, de Alvina Gameiro, estou à procura de um adjetivo que o defina. Impressionante, surpreendente e encantador são palavras batidas e não refletem a grandiosidade dessa obra.
Curral de serras foi o penúltimo livro da autora, publicado em 1980, que também escreveu os títulos A vela e o temporal (1957), O vale das açucenas (1963), Chico Vaqueiro do meu Piauí (1979), entre outros.
Alvina Gameiro nasceu em 1917, em Oeiras, no Piauí, e faleceu em 1999, em Brasília, Distrito Federal (DF), depois de ter morado em diversas cidades do Brasil e do mundo. Teve uma rica carreira literária e uma formação bastante avançada para as mulheres de sua época (formou-se em artes plásticas na Escola Nacional de Belas Artes, no Rio de Janeiro, e graduou-se na Universidade de Colúmbia, em Nova Iorque, nos Estados Unidos). Ganhou prêmios literários, foi membro da Academia Piauiense de Letras e ministrou aulas de inglês e português.
Quem já leu a minha biografia aqui no blog sabe que nasci em Teresina, Piauí, e moro no DF há 23 anos (cheguei aqui justamente no ano em que Alvina se foi). Então, você pode suspeitar que a minha empolgação com essa obra se deve a uma espécie de bairrismo.
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