05 de maio de 2020

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Cartas para Marilu (n° 11)

Quinta-feira, 11 de julho de 1985.


Querida Marilu,


Havia se passado bastante tempo desde o início do trabalho no hotel. Certa noite, obrigaram-me a ficar até tarde, pois haviam hóspedes importantes por chegar, e o gerente me mandou faxinar cada um dos quartos desocupados. Nada poderia estar fora do lugar, ele disse, nem um grão de poeira deveria restar nos aposentos das tais autoridades.

Quem eram os hóspedes tão exigentes ninguém me informou, e eu também não questionei. Esse não era o tipo de gente que me interessava. Na verdade, quase nada despertava meu interesse naquela época.

Quando enfim deixei o hotel, vi um grupo de pessoas saindo da igreja ao lado. Não tinham cara de reza, mas como eu poderia ter certeza se também já não rezava? Movimentaram-se com rapidez e em poucos segundos sumiram. Perguntei-me quem eram elas, embora não tenha perdido tanto tempo buscando a resposta. Logo dormi.

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02 de maio de 2020

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Dois ensaios para refletir sobre a pandemia

No momento que vivemos, sobram informações e análises sobre isso ou aquilo, muitas vezes de pessoas sem qualquer conhecimento para opinar. Não raro nos cansamos de ouvir falar sempre do mesmo assunto e nos desligamos. Não podemos negar, no entanto, que a informação (verdadeira) e a reflexão são armas potentes para enfrentar qualquer crise.

Por isso, hoje trago dois ensaios que podem nos ajudar a refletir sobre este tempo de pandemia. Seus autores têm distintos estilos de vida e apresentam diferentes perspectivas da mesma conjuntura, porém seus pensamentos não estão tão distantes um do outro.

Os textos são curtos e podem ser lidos em minutos, mas suas poucas páginas nos apontam aspectos relevantes. E a boa notícia é que ambos estão disponíveis em formato digital e podem ser baixados gratuitamente.

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28 de abril de 2020

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Contrassenso

Por Eriane Dantas

É um contrassenso falar de livros e de escrita em meio a uma pandemia. Disse isso a mim mesma inúmeras vezes quando a situação ficou mais séria, quando o que parecia distante se aproximou da gente.

Sentei-me para escrever ou pensei em escrever e me deparei com alguma notícia me levando de volta à realidade dos infectados, dos mortos, dos parentes dos mortos, dos desempregados, dos esfomeados. Como me atrever a falar em literatura enquanto o mais importante escapa das mãos de muita gente ou sequer passou por suas mãos?

Tomando emprestadas as palavras de uma amiga muito querida, é muito cômodo estar em casa com internet, TV, Netflix, alimentos e banheiro limpo. E eu acrescento: é muito confortável para mim ocupar meu tempo livre com leitura e escrita, já que não preciso me arriscar lá fora agora para conquistar o pão nem esperar pela caridade de alguém.

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25 de abril de 2020

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[Resenha] A casa dos espíritos

Por Isabel Allende

  • Título Original: La casa de los espíritus
  • Gênero do Livro: Romance
  • Editora: Bertrand Brasil
  • Ano de Publicação: 2019
  • Número de Páginas: 446
Sinopse: O maior sucesso de Isabel Allende, A casa dos espíritos é tanto uma emblemática saga familiar quanto um relato acerca de um período turbulento na história de um país latino-americano indefinido. Isabel Allende constrói um mundo conduzido pelos espíritos e o enche de habitantes expressivos e muito humanos, incluindo Esteban, o patriarca, um homem volátil e orgulhoso, cujo desejo por terra é lendário e que vive assombrado pela paixão tirânica que sente pela esposa que nunca pode ter por completo; Clara, a matriarca, evasiva e misteriosa, que prevê a tragédia familiar e molda o destino da casa e dos Trueba; Blanca, sua filha, de fala suave, mas rebelde, cujo amor chocante pelo filho do capataz de seu pai alimenta o eterno desprezo de Esteban, mesmo quando resulta na neta que ele tanto adora; e Alba, o fruto do amor proibido de Blanca, uma mulher ardente, obstinada e dotada de luminosa beleza. As paixões, lutas e segredos da família Trueba abrangem três gerações e um século de transformações violentas, que culminaram em uma crise que levam o patriarca e sua amada neta para lados opostos das barricadas. Em um pano de fundo de revolução e contrarrevolução, Isabel Allende traz à vida uma família cujos laços privados de amor e ódio são mais complexos e duradouros do que as lealdades políticas que os colocam uns contra os outros.
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Quando quase alcançara seu propósito, viu aparecer sua avó Clara, que tantas vezes havia invocado para ajudá-la a morrer, informando-a de que a graça não estava em morrer, porque isso aconteceria de qualquer maneira, mas, sim, em sobreviver, o que era um milagre (p. 427).

O trecho citado acima é um dos tantos que me emocionaram em A casa dos espíritos, fazendo-me querer conhecer mais obras de Isabel Allende, uma das representantes do realismo mágico, corrente literária que vem me atraindo cada vez mais de um tempo para cá.

A história atravessa a vida de uma família latino-americana, por gerações, e revela a capacidade humana de se transformar e de se redimir, além de nos mostrar que o ato de uma pessoa pode ter consequências graves na vida de tantas outras ao seu redor.

A mãe dessa família é Clara del Valle, que desde bem pequena vive cercada por espíritos, movendo objetos com o poder da mente e prevendo o futuro. Ela também tem o costume de registrar os acontecimentos em um caderno de anotar a vida.

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