14 de março de 2024

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Uma carta para Carolina

Você e eu só temos em comum o desejo de escrever, o desejo de menos injustiça. De resto não posso mensurar sua experiência de fome, preconceito e miséria.

Mas senti sua dor nos relatos do dia a dia na favela, no estranhamento na casa de alvenaria.

Sempre que posso falo de você, da sua força, do seu sonho, da verdade em suas palavras, da atualidade dos seus escritos, que datam de mais de meio século. Queria que todo mundo, gente jovem, gente velha, pobre, rica, classe média, lhe fizesse uma visita.

Nascemos separadas pelo tempo. Quando vim ao mundo você já tinha partido dez anos antes e ninguém me apresentou a você. Nosso primeiro encontro foi há cerca de cinco anos, antes que o planeta entrasse em um pesadelo do qual tememos nunca mais sair.

Vi na sua história uma história que não apenas se conta, uma história que ainda se vive neste país tão desigual, embora optemos por fechar os olhos às vezes.

Imagino qual seria seu desgosto se soubesse quantas pessoas o quarto de despejo ainda abriga, quantas pessoas não podem se mudar para a casa de alvenaria.

A boa notícia é que seus diários vêm alcançando novos leitores e leitoras. Assim muita gente pode aproximar-se de outra realidade e compreender que essa realidade, mesmo distante, ainda se avizinha.

Agradeço que, apesar da dureza da vida, você tenha encontrado coragem para seguir em luta, usando um instrumento poderoso: a escrita.

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