Não me apaixonei por Mrs Dalloway, de Virginia Woolf, ou por A hora da estrela, de Clarice Lispector. Abandonei A cidade e as serras, de Eça de Queiroz, e O processo, de Franz Kafka.
Se você continua aqui, não me julgou mal por meu primeiro parágrafo. Mas diz a verdade: o que você está pensando de mim aí?
Já percebeu que, se alguém insere os nomes desses autores e dessas autoras e seus livros numa afirmação desfavorável, o seu interlocutor quase sempre torce o nariz? É porque eles fazem parte de uma categoria chamada “clássicos”.
Não sei você. Eu logo imagino algo intocável toda vez que escuto a palavra “clássico”. Para tirar a dúvida, fui buscar o significado no dicionário:
- Diz-se da obra ou do autor que é de estilo impecável e constitui modelo digno de admiração.
- Que constitui modelo em belas-artes.
- Que obedece a certo padrão de técnica ou de estilo.
- Autor de obra literária ou artística digna de ser imitada.
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Quem quer que tenha lido muitos livros para criança quando adulto provavelmente concordará que é o tipo mais gratificante de leitura […] (Hunt, 2010, p. 81).
Basta um livro conter texto e desenhos para ser considerado literatura infantil? Tudo o que se publica com essa denominação pode mesmo ser chamado de literatura? O que é literatura infantil?
Em minha experiência como professora eu li livros com/para meus alunos, especialmente os da educação infantil. Mesmo assim, não faz muito tempo que me tornei leitora (de verdade) de obras destinadas a crianças e jovens. Isso aconteceu, como contei aqui, quando constatei o óbvio: alguém que se propõe a escrever literatura infantil e juvenil (LIJ) deve conhecer o trabalho de quem veio antes.
Falando assim, pode até parecer que a LIJ me é utilitária, mas garanto que não. Embora eu tenha ampliado meu acervo e minha leitura com o objetivo inicial de aprender a escrever, logo os (bons) livros me conquistaram.
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[…] um bom escritor é um escritor diferente de outros escritores. Alguém que, pela própria essência do que faz, atenta contra a uniformidade que tende a se impor, resiste, por assim dizer, ao global […] (Andruetto, 2012, p. 55-56).
Já ouvi tantas vezes: “Por que você não tenta escrever um livro para adultos? Seria mais fácil publicar e vender” ou “os escritores de livros para adultos têm mais visibilidade, mais reconhecimento”.
Eu sei disso. Acredito que haja mais possibilidades, no mercado editorial, para livros destinados a adultos, pois os leitores são independentes e as obras não sofrem a verificação do que é ou não adequado, do que pode ou não chegar aos leitores (pelo menos não nesta época). Também tenho a impressão de que os autores de livros para adultos são mais conhecidos e valorizados.
E não digo que não queira publicar uma obra para adultos algum dia. Eu quero. Quero mesmo. Esse sonho não está descartado, aliás, é um projeto que voltei a colocar em prática. Porém o meu apego pela literatura infantil e juvenil (LIJ) não morreu e creio que não morrerá. Encontrei meu maior interesse e minha maior paixão na criação de textos literários para esse público.
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Dias atrás, olhando uma lista geral dos livros mais vendidos no Brasil, encontrei uma enxurrada de livros de autoajuda (quinze de um total de vinte, alguns deles classificados na categoria “negócios”) e dois com a foto de certo youtuber na capa. E me perguntei: o que faz desses livros (e de outros tantos) um sucesso de vendas?
Reconheço que algumas dessas publicações são tratadas como pura mercadoria. Ao lançá-las, as editoras estão pensando mais no lucro que alcançarão com sua venda que no aspecto estético das obras (vide as capas que mostram celebridades ou os próprios autores e dificilmente atrairiam compradores se esse fosse o principal critério de escolha). Isso porque as editoras já perceberam que as pessoas em geral querem saber sobre a vida daqueles que seguem na televisão ou na internet e que há uma busca generalizada por dicas fáceis de como resolver os problemas e melhorar a vida (como ser líder, ter sucesso, ficar milionário, fazer amigos — há ensinamento para tudo).
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