06 de julho de 2021

2 Comentários

A escrita & eu

Por Eriane Dantas

Quando grafei as primeiras palavras. Aquele foi o momento em que comecei a escrever, imagino eu. É forte a lembrança de uma menina que dividia seu tempo livre entre a tevê, a escrita e os passeios solitários com o seu cachorro. Lá estava ela com um caderno nas mãos, criando histórias ou redigindo cartas para os seus avós maternos.

Recordo bem: a minha inspiração para inventar histórias vinha das novelas mexicanas. Minha irmã, minha mãe e eu nos sentávamos juntas para ver as peripécias da Maria do Bairro e a vingança da Marimar. Além de nos divertir e emocionar, aquele era um ritual que unia três mulheres em fases diferentes da vida. Eu sonhava em causar aquilo também em outras pessoas, sonhava em ser autora de telenovelas.

O conhecimento do meu gosto pela escrita não ficou circunscrito à nossa casa. Chegou aos vizinhos, aos amigos. E foi assim que levaram os meus cadernos um dia com a promessa de publicação, e nunca mais as minhas histórias voltaram. Ali não havia uma obra-prima, considerando-se que a autora era uma menina de 9 a 11 anos de idade que ainda tinha muito a aprender e amadurecer. Hoje não posso dizer, com uma prova concreta, como foi o começo dessa jornada.

Posso afirmar, porém, que a escrita desde aquele tempo significava para mim a possibilidade de viver uma vida diferente ou de elaborar e entender a minha própria vida. Ao contrário da leitura, que virou hábito apenas na fase adulta, a escrita está presente em diversos capítulos da minha biografia. Às vezes, como um desejo guardado ou esquecido; às vezes, como um objetivo declarado. Hoje é uma necessidade tão premente, que me sinto incompleta no dia em que não escrevo. Isso se não estiver planejando o que escrever ou criando uma história em pensamento.

Outro dia, conversando sobre escrita com adolescentes de uma escola pública aqui do Distrito Federal, comentei que havia abandonado o sonho de escrever telenovelas, e uma menina me disse com a segurança de quem não vê algo impossível: “você não devia desistir; quem sabe alguém queira transformar seus livros numa novela”. Essa colocação me transportou ao passado, a uma época em que era simples acreditar nos sonhos; em que não havia dúvida de sua realização, não importando o lado prático, as dificuldades, o longo caminho a percorrer. Vi aquela menina que enchia cadernos com histórias e imaginava um futuro bonito, mesmo que as condições de vida indicassem outro destino.

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2 Comentários

  • Ana Luiza
    07 julho, 2021

    Que lindo saber como começou a sua história como escritora, Eri!
    Eu desejo que você continue nessa linda caminhada. Criando histórias, vivendo vidas diferentes, elaborando sua própria vida e construindo o futuro que sonhou pra você! ❤️

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