14 de dezembro de 2023

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Mente workaholic

Mente obstinada
workaholic assumida
nem sempre ao meu favor
às vezes melhor amiga
outras me dá rasteira
parece me odiar
Gira ao redor do rabo
profere insanidades
traz lembranças que eu não quero lembrar
Não me conta a senha do banco
não me sopra a letra da música que amo
nem o nome do filme que quero indicar
e me sussurra um fato de dez anos atrás
Peço pra me inspirar uma história
ela me dita uma catástrofe
não vai dar certo
a casa vai cair
o teto vai ruir
você vai tropeçar
sua voz vai falhar
ninguém no mundo vai curtir
é só isso o que ela diz
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20 de outubro de 2023

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[Resenha] Capitães da areia

Por Jorge Amado

  • Título Original: Capitães da areia
  • Gênero do Livro: Romance
  • Editora: Companhia das Letras
  • Ano de Publicação: 2009
  • Número de Páginas: 280
Sinopse: Desde o seu lançamento, em 1937, Capitães da Areia causou escândalo: inúmeros exemplares do livro foram queimados em praça pública, por determinação do Estado Novo. Ao longo de sete décadas a narrativa não perdeu viço nem atualidade, pelo contrário: a vida urbana dos meninos pobres e infratores ganhou contornos trágicos e urgentes. Várias gerações de brasileiros sofreram o impacto e a sedução desses meninos que moram num trapiche abandonado no areal do cais de Salvador, vivendo à margem das convenções sociais. Verdadeiro romance de formação, o livro nos torna íntimos de suas pequenas criaturas, cada uma delas com suas carências e suas ambições: do líder Pedro Bala ao religioso Pirulito, do ressentido e cruel Sem-Pernas ao aprendiz de cafetão Gato, do sensato Professor ao rústico sertanejo Volta Seca. Com a força envolvente da sua prosa, Jorge Amado nos aproxima desses garotos e nos contagia com seu intenso desejo de liberdade.
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“Prenda o leitor já na primeira frase” — essa dica não falta quando se trata de orientações para criar narrativas ficcionais. Embora de difícil execução, o conselho se sustenta quando se analisa a concorrência que se impõe aos livros (por exemplo, outros livros e as redes sociais), além da falta de tempo de que todo mundo se queixa. Uma obra que capta a atenção do leitor no primeiro encontro tem mais probabilidade de não se ver revendida num sebo ou esquecida numa estante.

Em caso de livros ou autores célebres, essa característica pode não ter tanto peso. Mesmo que o início não seja tão cativante, a validação prévia da obra nos leva a acreditar que logo adiante nos depararemos com aquele tchã, aquele aspecto que faz a obra aparecer em listas de indicações.

Entre mim e Capitães da areia ocorreu algo desse tipo. A minha leitura do livro começou arrastada, como se ele e eu não tivéssemos ainda nos conectado. Por isso, o deixei por uns dias, troquei-o por outros, fingi que não o via.

Afora o fator que descrevi no parágrafo anterior, sou persistente nas leituras (sinto-me mal por largar alguma pela metade e só o faço depois de avançar por muitas e muitas páginas). Então resgatei esse romance da mesa de cabeceira. Foi aí que o match aconteceu.

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03 de outubro de 2023

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Ser como Antígona ou Miep Gies

Em mim só manda um rei: o que constrói as pontes e destrói muralhas (Sófocles, em Antígona).

Antígona desafia o rei Creonte quando sofre uma injustiça e vai em pessoa ao palácio reconhecer sua desobediência. Não teme o castigo que virá daí; eu diria até que o deseja, pois ele comprova seu repúdio à tirania. “E me parece bela a possibilidade de morrer por isso”, ela declara.

Assim como Antígona, em nome do bem, da justiça, do amor pelos amigos, Miep Gies desobedece às leis nazistas. No seu caso, no entanto, não é ela própria a vítima. Poderia então virar as costas e seguir a vida.

Antígona e Miep são exemplos de personagens (uma real e outra fictícia) que olham de forma crítica para os acontecimentos, não se restringindo àqueles que lhe dizem respeito, e intervêm quando eles ferem a existência de alguém. “Não nasci para o ódio, mas para o amor”, Antígona proclama.

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16 de agosto de 2023

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[Resenha] A voz de Esperança Garcia

Por João P. Luiz e Bernardo Aurélio

  • Título Original: A voz de Esperança Garcia
  • Gênero do Livro: História em quadrinhos
  • Editora: Quinta Capa
  • Ano de Publicação: 2023
  • Número de Páginas: 132
Sinopse: Esperança Garcia foi uma mulher que viveu escravizada em meados do século XVIII, no Piauí. No dia seis 6 de setembro de 1770, ela escreveu uma carta para o governador de sua província, denunciando os maus tratos que sofria constantemente e solicitando providências.

Sua carta é uma das diversas manifestações espontâneas dos negros contra a escravidão, em sua luta pela liberdade. Trata-se de um registro histórico e literário, considerado um dos primeiros textos afro-brasileiros de que se tem conhecimento. É considerada uma petição pública e, por causa dela, o Governo do Estado do Piauí determinou que, no dia 6 de setembro, seja comemorado o dia estadual da consciência negra. Além disso, a Ordem dos Advogados do Brasil reconheceu Esperança Garcia como a primeira advogada do país.
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Enquanto a saraivada de pau corria em seu corpo, Esperança achou que iria morrer, mas lutou, procurando não demonstrar nenhuma fraqueza ou sinal de dor (LUIZ; AURÉLIO, 2023).

Entre os dias 29 de junho e 1º de julho de 2023, participei da 2ª Feira Literária de Barra Grande, em Cajueiro da Praia, Piauí. Fui apresentar o meu livro Os nós em mim e voltei com a bagagem cheia de novas histórias e novos conhecimentos.

A feira homenageou Esperança Garcia. Antes disso, eu já tinha visto que ela seria tema também do Salão do Livro do Piauí (Salipi), que acontece em Teresina neste momento e vai até o dia 20 de agosto.

Na Feira Literária de Barra Grande, percebi que pouco (para não dizer nada) sabia a respeito de Esperança Garcia. Essa constatação ganhou força quando acompanhei uma palestra de Elio Ferreira de Souza sobre a carta que Esperança escreveu e ouvi outro escritor falar sobre ela.

O outro escritor é João P. Luiz, que publicou a história em quadrinhos A voz de Esperança Garcia, em parceria com Bernardo Aurélio.

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