Planejei escrever a respeito das dificuldades da escrita por mulheres. Até retirei da estante Um teto todo seu, de Virginia Woolf, para uma nova leitura, mas nada me veio sobre o que queria escrever. Um trecho do livro me chamou a atenção e me levou para outro rumo.
Quase no final do livro, Virginia Woolf defende:
[…] um gênio como o de Shakespeare não surgia entre pessoas trabalhadoras, sem edução formal, servis. […] Não surge hoje entre as classes trabalhadoras (p. 73).
Em um instante me lembrei daquela famosa afirmação que estabelece a leitura como um pré-requisito da escrita: para escrever bem, é preciso ler.
Tenho a impressão de que a maioria dos escritores e das escritoras formou-se em áreas relacionadas à escrita ou pelo menos se encontrou com a leitura ainda no berço. Sinto-me um pouco deslocada quando leio biografias assim, pois não fiz nem uma coisa nem outra.
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Dias atrás conheci três livros e percebi que, embora tenham temas e estilos diferentes, há um ponto que os une: todos tratam de sentimentos ou de aspectos relacionados ao nosso interior. São também capazes de repercutir em leitores de qualquer idade.
Basta dar uma olhada nos títulos e nas capas para ter uma ideia do que quero dizer (confesso que foi justamente pela capa ou pelo título que os escolhi). As histórias então revelam muito mais.
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Mas, para nós, que compreendemos a vida, os números não têm tanta importância! […] (p. 26)
Já escrevi no blog sobre livros e autores que valorizam a capacidade das crianças e dos jovens, com textos inteligentes e sensíveis, que divertem, emocionam e levam a refletir, a descobrir coisas novas (veja exemplos aqui e aqui). Hoje falo de O Pequeno Príncipe, de Antoine de Saint-Exupéry (Geração Editorial, 2015), que possui essas mesmas características, mas o destaque aqui é para o reconhecimento, pelo narrador, da forma diferenciada de pensar das crianças.
O narrador (o piloto que encontra o Pequeno Príncipe no deserto) conta que, em sua infância, mostrou um desenho de sua autoria aos adultos, na esperança de que vissem ali o que ele via. Porém os adultos não o compreenderam; enxergaram apenas um chapéu.
Meu desenho não era de um chapéu. Era de uma jiboia que havia devorado um elefante. Decidi, então, desenhar o interior da barriga da serpente para que os adultos pudessem entender melhor. Eles sempre precisam de explicações detalhadas… […] (p. 9).
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