05 de setembro de 2020

2 Comentários

Livros infantis e juvenis sensíveis

Dias atrás conheci três livros e percebi que, embora tenham temas e estilos diferentes, há um ponto que os une: todos tratam de sentimentos ou de aspectos relacionados ao nosso interior. São também capazes de repercutir em leitores de qualquer idade.

Basta dar uma olhada nos títulos e nas capas para ter uma ideia do que quero dizer (confesso que foi justamente pela capa ou pelo título que os escolhi). As histórias então revelam muito mais.

1. O guardião da chuva

Escrito por Dailza Ribeiro e ilustrado por André Flauzino, O guardião da chuva (Editora Bambolê, 2016) é um conto fantástico cujo protagonista, chamado Miguel, sonha e sai decidido a ver seu sonho se realizar. Não escuta as preocupações da mãe com a aparente loucura do filho.

Mas Miguel acordara com uma missão. Beijou a mão de sua mãe e, saindo pela porta da cozinha, abriu o guarda-chuva (p. 10).

Miguel não se importa com a opinião alheia; está focado em cumprir sua missão e em mudar a realidade — e trará muita alegria para os moradores das redondezas.

Será que isso pode mesmo acontecer? — podemos nos perguntar ao terminar a leitura. Bem, isso não interessa, e esse é o maior encantamento da literatura: ela nos dá a liberdade de imaginar, crer em acontecimentos improváveis, sem precisar buscar provas; ela nos permite acreditar em sonhos como o de Miguel.

2. Coração submarino

Com texto de Lucas Buchile e ilustrações de Francisco Dam, Coração submarino (Editora Inverso, 2019) tem como protagonista Sara, uma menina que vive em uma ilha de pescadores pouco conhecida, onde todos têm medo de amar.

Cabe a Sara descobrir como é o amor, onde ele mora. Será que vive no oceano, que ela vê da areia e imagina que abraça todo o mundo?

Sara desconfia que o amor nasce no mar. Sempre que observa seu pai retornando, após longo período de pesca, descobre no brilho do seu olhar uma ternura ainda maior que a da partida (p. 9).

Sara sai então em direção ao mar para encontrar o amor, entender o que é amar. Lá sente uma forte ligação com as vidas com as quais se depara e percebe os sentimentos que pulsam em seu peito por aqueles que deixou em terra firme.

Essa é uma obra cheia de poesia e merece mais de uma leitura. São encantadoras as reflexões sobre o amor e as metáforas relacionadas ao mar. Elas dão até aquele aperto no peito.

3. No canto dos olhos

Escrito por Maria Cristina Peixoto e ilustrado por André Flauzino, No canto dos olhos (Editora Bambolê, 2017) é um texto poético que ressalta as expressões, os sentimentos, os segredos revelados pelos olhos da gente.

Olhos sorrisos que
parecem  até bocas,
onde não cabe tanta folia!!!


Olhos com medo
que pedem colo,
mas que logo se esticam
que nem gatos (p. 11).

Quantas verdades podemos descobrir nos olhos de outro alguém? Dizem que conseguimos desvendar mentiras se olharmos diretamente nos olhos de quem nos fala.

Achei interessante o convite a apreciar os diferentes olhares, as diferentes formas de nos mostrar por meio dos olhos. Nossos olhos são, por vezes, tão sobrecarregados. De tão acostumados a olhar para o mundo à nossa volta, é comum não repararmos no que vemos, não observarmos os olhos dos outros (ou nem mesmo os nossos).


***


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2 Comentários

  • Ana Luiza
    06 setembro, 2020

    Eri, quando minhas filhas eram pequenas, eu gostava muito de ler pra elas. E amava quando encontrava livros assim, como você descreveu: os que “tratam de sentimentos ou de aspectos relacionados ao nosso interior”.
    A literatura ajuda muito a gente a entender o que sentimos, o que nos habita!
    Sobre a última resenha, do livro “O canto dos olhos”, lembrei de um poema. Você lembra dele?

    “… Encolhida em meu canto,
    vi meu reflexo espelhado em seus olhos brilhantes.
    O cinza do meu dia ganhou tons de cores ensolaradas.
    E eu enxerguei meus contornos no mar das janelas de sua alma.
    Abri os braços,
    soltei meu coração das amarras que o aprisionavam,
    e, cheia de confiança,
    mergulhei…”.

    • Eriane Dantas
      14 setembro, 2020

      Livros assim sempre nos tocam, né?
      Quando li o poema pensei que o conhecia. Fui lá conferir e era mesmo o que pensei: um presente que você me deu.

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