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03 de novembro de 2020

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[Resenha] Pedagogia do oprimido

Por Paulo Freire

  • Título Original: Pedagogia do oprimido
  • Gênero do Livro: Ensaio
  • Editora: Paz e Terra
  • Ano de Publicação: 2020
  • Número de Páginas: 256
Sinopse: Pedagogia do oprimido, escrito entre 1964 e 1968, quando Paulo Freire estava exilado no Chile, foi proibido pela ditadura civil-militar do Brasil, onde permaneceu inédito até 1974. Ancorado em situações concretas, este livro desvela as relações que sustentam uma ordem injusta, responsável pela violência dos opressores e pelo medo da liberdade que os oprimidos sentem. É um livro radical, sobre o conhecer solidário, a vocação ontológica, o amor, o diálogo, a esperança e a humildade. Aborda a luta pela desalienação, pelo trabalho livre, pela afirmação dos seres humanos como pessoas, e não coisas. É destinado aos revolucionários, que se comprometem com os oprimidos, para, com eles e ao lado deles, lutar para construir um mundo em que seja mais fácil amar. Em 1963, em Angicos, interior do Rio Grande do Norte, trezentos trabalhadores rurais foram alfabetizados em apenas 40 horas, pelo método proposto por Paulo Freire. Esse foi o resultado do projeto-piloto do que seria o Programa Nacional de Alfabetização do governo de João Goulart, presidente que viria a ser deposto em março de 1964. [...]
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A pedagogia do oprimido, como pedagogia humanista e libertadora, terá dois momentos distintos. O primeiro em que os oprimidos vão desvelando o mundo da opressão e vão comprometendo-se, na práxis, com a sua transformação; o segundo, em que, transformada a realidade opressora, esta pedagogia deixa de ser do oprimido e passa a ser a pedagogia dos homens em processo de permanente libertação (p. 57).

Queria ter trazido Pedagogia do oprimido ainda no mês das professoras e dos professores, mas não importa o (pequeno) atraso. A principal obra de Paulo Freire pode ser lida em qualquer época. Aliás, na minha opinião, essa é uma leitura indispensável a toda pessoa interessada na transformação do mundo (e não só aos educadores).

Pedagogia do oprimido não é um livro fácil, de rápida compreensão. Ele traz referências e conceitos diversos que precisam de mais de uma leitura para serem alcançados. Talvez por isso eu não tenha visto toda a riqueza dessa obra quando li um ou dois de seus capítulos durante a graduação.

Hoje apresento aqui uma síntese das principais ideias que captei na minha recente leitura do livro.

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09 de setembro de 2020

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A leitura como pré-requisito

Planejei escrever a respeito das dificuldades da escrita por mulheres. Até retirei da estante Um teto todo seu, de Virginia Woolf, para uma nova leitura, mas nada me veio sobre o que queria escrever. Um trecho do livro me chamou a atenção e me levou para outro rumo.

Quase no final do livro, Virginia Woolf defende:

[…] um gênio como o de Shakespeare não surgia entre pessoas trabalhadoras, sem edução formal, servis. […] Não surge hoje entre as classes trabalhadoras (p. 73).

Em um instante me lembrei daquela famosa afirmação que estabelece a leitura como um pré-requisito da escrita: para escrever bem, é preciso ler.

Tenho a impressão de que a maioria dos escritores e das escritoras formou-se em áreas relacionadas à escrita ou pelo menos se encontrou com a leitura ainda no berço. Sinto-me um pouco deslocada quando leio biografias assim, pois não fiz nem uma coisa nem outra.

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02 de junho de 2020

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Quando gritávamos “não vai ter golpe”

Por Eriane Dantas

Catedral Metropolitana de Brasília, 18 de março de 2016

Não sei exatamente o que dizer. Não sei exatamente o que sinto neste momento. Oscilo entre raiva, nojo, medo e desesperança. Isso já faz algum tempo, mas vem aumentando a cada dia.

Não é tão simples entender como viemos parar aqui: foi um processo que envolveu diferentes grupos e levou anos. Porém podemos especular que o pior de todos os candidatos, o mais incapaz, o mais tosco, só conquistou o cargo mais importante de um país tão grande porque representava aquilo que muita gente sentia: ódio, ódio, ódio e ódio. Muitos cidadãos de bem ansiavam por ter uma arma na mão para matar os inimigos. Ou alguém pode citar uma qualidade daquele candidato, sem fazer referência aos defeitos dos demais ou de governos passados?

É irônico que muitos dos 57 milhões de responsáveis por essa desgraça se arrependeram do voto apenas quando viram o mito debochar dos atingidos por uma doença tão perigosa.

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28 de abril de 2020

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Contrassenso

Por Eriane Dantas

É um contrassenso falar de livros e de escrita em meio a uma pandemia. Disse isso a mim mesma inúmeras vezes quando a situação ficou mais séria, quando o que parecia distante se aproximou da gente.

Sentei-me para escrever ou pensei em escrever e me deparei com alguma notícia me levando de volta à realidade dos infectados, dos mortos, dos parentes dos mortos, dos desempregados, dos esfomeados. Como me atrever a falar em literatura enquanto o mais importante escapa das mãos de muita gente ou sequer passou por suas mãos?

Tomando emprestadas as palavras de uma amiga muito querida, é muito cômodo estar em casa com internet, TV, Netflix, alimentos e banheiro limpo. E eu acrescento: é muito confortável para mim ocupar meu tempo livre com leitura e escrita, já que não preciso me arriscar lá fora agora para conquistar o pão nem esperar pela caridade de alguém.

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