"4" Post(s) arquivados na Tag: infância

24 de dezembro de 2019

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Papai Noel

Por Eriane Dantas

Sentada à mesa, Clara encara uma folha de papel em branco. De vez em quando, dá uma olhada na mãe, sentada no sofá, e retorna o olhar para o papel. Será falta de inspiração seu problema?

— Mãe, você disse pra eu escrever a cartinha pro Papai Noel, mas tô aqui com uma dúvida: como é que você sabe o endereço dele?

— Ah, não precisa de endereço. Basta escrever aí que é pro Papai Noel e pronto.

— E como que o carteiro vai chegar até lá?

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03 de dezembro de 2019

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Cartas para Marilu (n° 9)

Domingo, 7 de julho de 1985.


Filha,


Quando saí de casa naquele dia, bati à porta da Vera. Seus olhos escuros, profundos e curiosos fixos em mim, me interrogando, só não eram mais indiscretos que o outro par de olhos, que me encarava com uma impaciência costumeira. Estes olhos me obrigavam a declarar, de uma vez, o que fazia ali às duas horas da manhã, não porque o dono deles quisesse saber realmente, mas porque queria voltar a se deitar.

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30 de novembro de 2019

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A mulher das plantas

Por Eriane Dantas

A imagem mostra uma pintura de uma mulher colhendo flores em um jardim.

A mãe de uma amiga de uma amiga era obsessiva por plantas de todos os tipos, mas sempre preferiu aquelas que floriam. Então enchia a frente, os lados e os fundos da casa com as mais variadas espécies. Mal sobrava espaço para caminhar do portão até a porta de casa.

O marido dizia que ela ganharia muito mais se trocasse cada uma daquelas plantas por uma que desse algo comestível. Ninguém poderia comer flor, ele repetia. Aliás, ele se enganava, pois existiam sim flores comestíveis. Não naquele jardim, é verdade. E, mesmo assim, aquele homem certamente não aprovaria uma comida tão exótica. Queria ver o terreno tomado de pés de manga, de goiaba, de mamão, de acerola e talvez até de feijão. Aquelas flores todas não serviam para nada.

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16 de novembro de 2019

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Cartas para Marilu (n° 8)

Sexta-feira, 5 de julho de 1985.


Marilu,


Não sei como recebeu minha última carta, mas suponho que ler aquelas palavras tenha sido doloroso, pois foi inevitável transferir minha dor para o papel ao traçar cada letra. Acredite em mim, por favor, minha filha: não era meu objetivo machucar você.

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