Não sou grande fã de livros para crianças e jovens escritos para ensinar alguma coisa. Como eu já disse aqui, os textos literários são uma fonte de conhecimento, mas ensinar não deve ser seu objetivo.
A lua de Alice, livro escrito por Carol Petrolini e ilustrado por Laura Barbeiro, parece ter a finalidade de esclarecer à leitora ou ao leitor o tema da primeira menstruação. Mesmo assim, o caráter informativo não prejudicou a obra, que conseguiu aliar o conteúdo que queria transmitir a uma história bonita de parceria entre avó e neta.
No livro, acompanhamos um dia da vida de Alice, uma garota de doze anos de idade que vai passar o final de semana na casa da avó materna. Fazia tempo que ela não dormia ali. O quarto traz lembranças de quando era bem pequena e uma sensação de aconchego.
Exatamente em um desses dias na casa da avó, Alice passa por uma situação nova, incômoda para toda menina. Na verdade, ela tem a sorte de estar lá nessa data. A avó trata o assunto com naturalidade e tem uma longa conversa com a neta sobre o que significa (ou deveria significar) aquela experiência, ao contrário da forma como é encarada no mundo atual (quer dizer, no contexto sociocultural em que vivem Alice e a avó).
Continue lendo— O que aconteceu com você hoje, Alice, a chegada de sua “lua”, de sua primeira menstruação, não é motivo de tristeza nem de medo. É um momento belo, simbólico, que mostra que você faz parte desse círculo da vida, da ciranda de mulheres que vieram antes de você: sua mãe, avós, bisavós, tataravós e todas antes delas, gerações e gerações de mulheres, nossas ancestrais (p. 19).