"10" Post(s) encontrado(s) na categoria: Destaques

17 de maio de 2023

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[Resenha] Estela sem Deus

Por Jeferson Tenório

Estela vive em Porto Alegre com a mãe, Irene, e o irmão caçula, Augusto, quase abandonada pelo pai, que só aparece quando tem vontade. Ela sonha em ser filósofa, embora não saiba o que os filósofos fazem de fato. As filósofas são assim: dizem palavras que só vão fazer sentido depois de terem feito certas voltas dentro da gente […] (p. 13). Ao se mudar para o Rio de Janeiro com o irmão sob os cuidados da madrinha Jurema, uma ferrenha religiosa, Estela se vê na contradição entre temer a Deus e não sentir sua presença, entre obedecer à mulher que a acolhe e viver em liberdade. Estela sem Deus é criação de Jeferson Tenório, autor de O avesso da pele (Companhia das Letras, 2020), livro que lhe rendeu o Prêmio Jabuti. Além dessas duas obras, Tenório publicou O beijo na parede (Sulina, 2013).

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13 de abril de 2023

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Tempo, tempo, tempo, tempo

Por Eriane Dantas

Que impiedoso o tempo Ele se move, sorrateiro e eu nem percebo Aí olho para a cara do meu filho e comparo com a foto de um ano atrás É o mesmo menino eu posso notar no olhar na boca no nariz nos traços que ainda estão lá Só não encontro mais o mesmo menino O rosto tem uma mudança um quê de amadurecimento o bebê se foi o corpo estirou ele já passa de um metro Faço então as contas quatro anos completos uma copa uma olimpíada uma eleição um censo uma pandemia uma guerra Coube tanto em 1.461 dias Por aqui tantas fraldas tantos sorrisos tantas lágrimas tantos porquês tanto orgulho tantas chinelas Havaianas E eu fico com a pergunta: por que a pressa, tempo?

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04 de abril de 2023

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[Resenha] O último dia de um condenado

Por Victor Hugo

O último dia de um condenado vivia ali há anos, esperando que eu o tirasse da estante para alguma coisa mais que limpar e reorganizar o acervo. Eu o comprei em uma promoção, sem qualquer indicação ou pista de seu conteúdo, apenas pelo nome do autor, que também é responsável por O corcunda de Notre Dame (1831) e Os miseráveis (1862). Esses dois títulos eu não li ainda, mas já vi filmes baseados em suas histórias. Conheço o autor francês pelos versos que inspiraram a canção do Frejat que era um dos hinos da minha adolescência. Subestimei O último dia de um condenado. Por isso, passei à sua frente tantos outros livros – até aquisições bem recentes. Mas o último carnaval serviu para o nosso encontro. E que encontro! Nessa obra, acompanhamos a narração dos últimos dias (não só um) – as últimas seis semanas, para ser exata – de […]

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08 de março de 2023

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Dois ensaios para enfrentar o 8 de março

Chegou o dia do ano em que recebemos as flores e os bombons, além das mensagens que exaltam a delicadeza e a força da mulher (Erasmo Carlos começou a cantar ao meu ouvido). O dia em que pessoas que nunca se preocuparam com a questão de gênero se convertem, de repente, em defensoras das lutas femininas. Oito de março é o dia vergonha alheia, que me deixa desconfortável e me faz rezar pelo dia nove. Passo as horas rolando o feed, fugindo dos parabéns e ignorando as mensagens “carinhosas”, em especial aquelas acompanhadas de rosas ou algo do tipo. Não, eu não sou contra o Dia Internacional das Mulheres. Muito pelo contrário. Aborreço-me com a distorção da data, com o uso mercadológico, com a farsa de machistas, com a tentativa de nos fazer esquecer a desigualdade e a violência que sofremos. Já escrevi outras vezes (aqui e aqui) sobre o […]

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24 de fevereiro de 2023

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[Resenha] Corpo desfeito

Por Jarid Arraes

Como se imagina a vida de uma menina de doze anos? Cercada do carinho da família, dedicada apenas aos estudos, às brincadeiras, às amizades e até a um despertar para a vida adulta. Bem, deveria ser assim. Sei que essa não é a realidade de todas as meninas, como não é a de Amanda, a protagonista do romance Corpo desfeito, da jovem escritora Jarid Arraes. Reconhecida poeta e cordelista, Jarid é um dos nomes da nova geração de escritores e escritoras do Brasil, uma representante nordestina que vem despontando no meio literário brasileiro. Corpo desfeito é o seu primeiro romance, lançado em 2022, pela editora Alfaguara, mas a autora também publicou As lendas de Dandara (Editora da Cultura, 2016), o livro de poesia Um buraco com meu nome (Jandaíra, 2018), a coletânea de contos Redemoinho em dia quente (Alfaguara, 2019) — vencedora do Prêmio APCA e do Prêmio Biblioteca Nacional […]

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01 de novembro de 2022

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Nasce uma esperança

Por Eriane Dantas

De domingo para cá, vi tantas postagens de luto, feitas até por conhecidos e conhecidas que eu considerava conscientes. Elas retratam um Deus triste com o resultado das eleições no Brasil e se perguntam qual será o futuro do país. Vi cenas de gente vestida de verde e amarelo em meio a orações e lágrimas. Vi imagens de pessoas bloqueando estradas e pedindo intervenção militar. Eu não entendo. O candidato perdedor, que infelizmente ainda é o presidente do país, defende a liberação de armas e o fuzilamento de quem o critica, já declarou que sua especialidade é matar e anda com gente que não aprecia muito a paz (vide o cara que atirou em policiais e a mulher que perseguiu uma pessoa na rua com arma em punho). Esse mesmo candidato apostou na mentira, no medo, na guerra, na desunião, em narrativas repetitivas (comunismo, corrupção, ideologia de gênero, aborto). Ele […]

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13 de outubro de 2022

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Verdade ou imaginação?

Por Eriane Dantas

Às vezes, desconfio da minha memória de longa data. Modifico, recrio, dou nova versão às histórias que penso ter testemunhado? Ou a memória dos outros falha? Ou eles não viram o que eu vi? O meu defeito é ter lembranças entrecortadas. Esqueço os detalhes: o lugar exato, os nomes dos personagens. Assim ninguém pode mesmo acreditar na minha narração. Em outra via, não me lembro de coisa alguma e, encabulada, respondo que “não, não lembro disso” ou “não, não sei quem é fulano” e ouço um desapontado “tu não lembra não?”. Como se fosse hoje, avisto um conhecido da família, cabeleireiro de profissão, aparecer, na inauguração da praça do nosso bairro, vestido com roupas femininas e montado em um par de pernas que ninguém havia percebido embaixo das calças. Ao comentar esse fato com meus pais, não soube explicar quem ele era, como se chamava, de onde o conhecíamos (nem […]

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28 de julho de 2022

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Os nós em mim

Por Eriane Dantas

Já ouviu falar em um gigante de mais de duzentos anos que vive no litoral piauiense, mais precisamente no município de Cajueiro da Praia? Batizado de Cajueiro-Rei, essa árvore centenária foi reconhecida, em 2016, como o maior cajueiro do mundo, com base em estudo realizado por pesquisadores da Universidade Federal do Piauí (UFPI), da Universidade Estadual do Piauí (Uespi) e da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Os pesquisadores analisaram as folhas de diferentes locais da planta, fizeram medições da área e do perímetro ocupado por ela e, com isso, provaram que, embora pareça se tratar de uma porção de árvores juntas, ali há um único pé de caju com diversos troncos.

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29 de junho de 2022

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Mais um ano de histórias em mim

Por Eriane Dantas

Quatro anos atrás, nesta data, entrava no ar o blog Histórias em mim, este espaço no qual expresso as histórias do mundo que conheço nos livros e as histórias que saem da minha imaginação. No início de 2018, andava desconfiada da minha escrita, esta atividade que me segue desde a infância, esta habilidade que (quase) sempre foi uma certeza, mesmo quando não era. Vivia num dilema que ainda me pega vez ou outra: desejava publicar os meus textos; ao mesmo tempo, receava que outras pessoas os conhecessem. Foi então que uma sugestão chegou até mim: “Por que você não cria um blog literário?”. À primeira vista, essa pareceu uma ideia sem sentido. Eu não acompanhava blogs, nunca tinha imaginado me tornar uma blogueira, não sabia sequer como criar e manter uma página na internet. Sem falar que, com o excesso de informações e redes sociais, o fracasso seria o resultado […]

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14 de junho de 2022

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Cadê o amor?

Por Eriane Dantas

Arrepiam-me a apatia a conivência com a barbárie a comemoração da dor do outro Por que não incomoda se o outro passa fome padece tem a vida ceifada? Por que o próximo sempre merece os males mesmo causados por terceiros?

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