Segunda-feira, 1° de julho de 1985. Minha querida filha, No dia em que enviei a última carta, a observei caminhando para a escola, dessa vez sozinha, com uma expressão séria e um olhar difícil de interpretar. Parecia que seus olhos contemplavam algo que não se encontrava ali, algo que eu não via. O vento bagunçou seus cabelos, e você tentou reordená-los com uma mão, enquanto a outra segurava uma pequena pilha de livros, que caíram e se espalharam pelo chão. Por um instante fantasiei, presunçosa, que sua aparente tristeza tivesse relação com minhas cartas, com nossa separação, com a falta que faço em sua vida. Quis me aproximar, ajudá-la a recolher os livros, ajudá-la a carregar a preocupação que parecia mais pesada que suas forças de menina. Porém, no minuto seguinte, percebi a tolice da ideia. O medo dominou meu corpo, me impedindo de dar um único passo. Não sabia […]
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