
Domingo, 23 de junho de 1985. Querida Marilu, Na fotografia que observo agora (a que acompanha esta carta), estamos apenas você e eu na saída da maternidade — eu com a aparência abatida; você dormindo envolta em um cobertor verde e amarelo. Seu pai insistiu em registrar o momento: disse que anos depois essa seria uma importante recordação para nós. Ele acertou na previsão: olhei para essa foto tantas vezes durante os últimos anos, querendo retornar àquele instante em que não tinha qualquer certeza sobre o futuro, mas previa uma vida diferente dali em diante. Era jovem, inexperiente e tola. Imaginei que seria a melhor mãe, embora não tivesse prática alguma com crianças. Algo deveria despertar em mim, um tipo de sabedoria que viesse no pacote da maternidade. Também parecia fácil: bastava agir exatamente ao contrário da minha mãe. E, como não havia qualquer pessoa por perto para me indicar […]
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