[…] a palavra pensada é sempre livre para fazer o que bem entender dentro da cabeça da gente (p. 36).
Já imaginou quantos pensamentos pode ter um balão de pensamento de história em quadrinhos?
Em O vento de Oalab acompanhamos um balão de pensamento vazio que, ao ser deixado assim (incompleto) pelo desenhista, descobre que a ausência de pensamento não é dele e sim do personagem.
‘O personagem até pode não estar pensando em nada, mas EU estou pensando em um monte de coisas!’ (p. 10).
Essa descoberta é sua libertação, a conquista de sua autonomia. Que delícia perceber que podemos pensar por nós mesmos!
[…] concluiu que os balões que pensam por si mesmos podem se tornar personagens também (p. 10).
O balão inventa até um nome para si próprio: Oalab (que é a palavra balão escrita de traz para frente, sem o til) e dana-se a refletir sobre tudo ao redor, perguntando-se por que as coisas são de um jeito e não de outro.
Oalab não para por aí: se desprende do papel e ganha formas diferentes, só para “ajudar as coisas que não têm voz a se expressarem através dele” (p. 12). Então visita os pensamentos de uma geminha de ovo, de uma goiaba, de um bicho de goiaba e da sombra da goiabeira. Tenta descobrir os pensamentos do vento, e tudo isso acaba em poesia.
O vento de Oalab é uma bela história: inusitada e divertida, estimula o pensamento e o gosto pela leitura, como deve ser um livro para crianças. Por isso, eu escolhi falar dela hoje, no Dia nacional do livro infantil.
Aposto que foram essas qualidades também que fizeram o autor, João Luiz Guimarães, vencer a 11ª edição do Prêmio Barco a Vapor (2015).
O livro conta com ilustrações simples, assinadas por Bruno Nunes, mas tão convidativas quanto o próprio texto.
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