
Amanhã é Dia Nacional da Consciência Negra, data na qual se lembra e atualiza a luta do povo negro. É o aniversário de morte de Zumbi dos Palmares (1655-1695), o último líder do Quilombo dos Palmares e símbolo da resistência negra à escravidão.
Por isso, hoje trago três livros infantis que, na minha opinião, valorizam a identidade negra. São obras que merecem ser apreciadas durante o ano todo e não só em 20 de novembro.
1. Amoras
Por que choramos ao chegar? Dizem que por nos afastar de Deus, que é o que os muçulmanos chamam de Alá (p. 6).
Escrito por Emicida e ilustrado por Aldo Fabrini, Amoras foi publicado em 2018 pela Companhia das Letrinhas. É inspirado na música de mesmo nome do cantor.
Nessa história, em uma conversa com o pai, ao saber que as amoras são as melhores frutas e que as mais escuras são ainda mais doces, a menina chega a uma conclusão que a enche de orgulho:
Papai, que bom, porque eu sou pretinha também! (p. 34).
Amoras é um livro sensível que celebra o pensamento das crianças, a descoberta do valor próprio e o orgulho da identidade negra.
2. Meu crespo é de rainha
Menininha do cabelo lindo e de cheiro doce (p. 2).
Primeiro livro infantil da ativista bell hooks, Meu crespo é de rainha foi ilustrado por Chris Raschka e publicado no Brasil em março de 2018, pela editora Boitatá, em comemoração ao Dia Internacional da Luta Feminista (mais conhecido como Dia Internacional das Mulheres).
O texto é simples, mas cheio de significado. É uma ode à diversidade dos penteados afros, à liberdade de usar os cabelos como bem se entender: trançado, amarrado, solto, com turbante, com moicano etc.
Feliz com o meu cabelo firme e forte, com cachos que giram, e o fio feito mola se enrola, vira cambalhota! (p. 28-29).
3. Betina
Quando a avó terminava o penteado, Betina dava um pulo e corria para o espelho. Ela sempre gostava do que via. Do outro lado do espelho, sorria para ela uma menina negra, com dois olhos grandes e pretos como jabuticabas, um rosto redondo e bochechas salientes, cheia de trancinhas com bolinhas coloridas nas pontas (p. 8).
Com texto de Nilma Lino Gomes e ilustrações de Denise Nascimento, Betina foi publicado em 2009 pela Mazza Edições e integrou o acervo de 2010 do Programa Nacional Biblioteca na Escola (PNBE).
A avó de Betina trança os cabelos crespos da neta, que exibe os penteados na escola e chama a atenção dos colegas (nem sempre de forma positiva). Com o passar do tempo, a avó ensina Betina a fazer tranças também, deixando-lhe a missão de contribuir para que outras pessoas se sintam bem consigo mesmas.
Você vai trançar o cabelo de toda a gente, ajudando cada pessoa que chegar até você a se sentir bem, gostar mais de si, sentir-se feliz de ser como é, com o seu cabelo e sua aparência (p. 16).
É um livro sobre autoaceitação, ancestralidade, ensinamentos entre gerações e acolhimento entre as pessoas. Ele exalta a beleza dos cabelos crespos e a riqueza da cultura afro-brasileira.
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