03 de setembro de 2018

6 Comentários

[Resenha] A rainha do Norte

Por Joana Estrela

  • Título Original: A rainha do Norte
  • Gênero do Livro: Romance
  • Editora: Sesi-SP
  • Ano de Publicação: 2018
  • Número de Páginas: 56
Sinopse: Ser estrangeiro num país longínquo não é fácil. E ser feliz para sempre também não. Que o diga a rainha desta história. No seu caso, a tristeza já durava há tanto tempo que o rei começou a ficar seriamente preocupado. Habituado a comandar exércitos e a enfrentar inimigos com a sua espada, desta vez, porém, o rei não sabe contra quem lutar. Afinal que mal é este que tira todas as forças da rainha? E como o combater?
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Ser estrangeiro não é fácil, mesmo quando se é uma rainha (p. 10).

Este é um livro que diz muito, sem explicitar uma única vez o tema que aborda. É uma forma delicada de tratar um assunto tão em voga mas tão difícil de ser discutido.

Terceiro livro de Joana Estrela, escritora e ilustradora portuguesa, A rainha do Norte é uma obra para crianças e jovens publicada originalmente em Portugal, em 2017, pela editora Planeta Tangerina. Os primeiros livros da autora foram Propaganda (2014) e Mana (2016).

Antiga criada, vinda de um país distante, a rainha casou-se com um rei bem diferente dela e foi morar entre pessoas também diferentes, em um lugar totalmente estranho, onde nem a comida se parecia com a que ela estava acostumada a comer. Ser estrangeiro não é fácil, como dizem a sinopse e uma passagem do livro, e podemos demorar a nos adaptar a outra cultura e a fazer com o que os outros se acostumem a nós.

Era uma vez um rei mouro que se apaixonou por uma criada. Casaram-se e viveram felizes para sempre. durante algum tempo, até que a rainha adoeceu e o rei não sabia como salvá-la (p. 32).

A rainha sentiu essa dificuldade e foi adoecendo aos poucos: sentiu-se mal, cansada, com dores, sem vontade de sair do quarto. E o rei não sabia o que acontecia; já não tinha armas para lutar contra a situação da esposa.

Os médicos e curandeiros fizeram todos os testes físicos, mas não reconheciam o que se passava com a rainha, porque não chegavam a um acordo nem cogitavam que a raiz de seu mal estivesse além de seu corpo. Então, resolveram tratar todas as enfermidades conhecidas. Porém nada obtinha sucesso. Foi um médico diferente, também estrangeiro, quem descobriu o problema da rainha. Isso porque, em vez de realizar uma série de exames, escutou a paciente.

Esse médico não pesou nem mediu a rainha. Tampouco lhe mediu a temperatura, lhe auscultou o coração ou o som da respiração. […] Em vez disso, sentou-se para conversar com ela (p. 36).

Essa é uma bela narrativa sobre como podemos adoecer por outra razão que não os problemas físicos. Pode ser desânimo, solidão, frustração ou só saudade mesmo. Leva a pensar o quanto essas causas são ignoradas, menosprezadas, embora possam ter grande impacto sobre nosso bem-estar.

De forma sutil, poética, o livro fala que é normal se sentir cabisbaixo e que isso pode acontecer com qualquer pessoa, inclusive com uma rainha. Mas faz mais do que isso: aponta para a possibilidade de cura desses males que parecem sem solução e nos mostra que é preciso reaprender a olhar para as coisas que nos fazem felizes.

As ilustrações, feitas pela própria autora, complementam a história; às vezes, os dois são interdependentes, como numa história em quadrinhos; às vezes, as imagens dizem mais do que diz o texto.

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6 Comentários

  • ellen
    12 setembro, 2018

    Leitura simples de tema forte.
    Oxalá pudesse ser trabalhado como literatura nas escolas.

    • Eriane Dantas
      17 setembro, 2018

      Também acho, Ellen! Com certeza deveria ser adotado pelas escolas.

  • Ana Luiza
    04 setembro, 2018

    Ótima resenha, Eri!
    Legal que você também não explicitou o tema que intuímos da leitura desse livro. Não serei eu a cometer esse descuido! kkk
    Interessante que muitas vezes defendemos que dar nome às coisas que nos afligem serve para combatê-las. Essa história nos mostra que mais importante que dar um nome à enfermidade é saber o jeito certo de lidar com ela. Ouvir a pessoa que estava sofrendo foi a decisão certa. Sempre é.
    Amo visitar seu blog, Eri! Parabéns pelo trabalho lindo que você está fazendo!

    • Eriane Dantas
      10 setembro, 2018

      kkk. Deixemos que cada um descubra, né?
      Também acho que deixar a pessoa falar de seu sofrimento sempre é o melhor.
      Obrigada por mais essa visita! Obrigada pelo carinho! Beijos.

  • Eliete
    04 setembro, 2018

    Leitura fantástica que tive o prazer de desfrutar com vc! Obrigada por sempre trazer esse olhar tão especial sobre as leituras.

    • Eriane Dantas
      10 setembro, 2018

      Oh, obrigada, Eliete! Compramos o livro juntas e lemos juntas pela primeira vez, né?

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