As palavras saíram,
desengasgaram a indignação
que me pesava o peito.
E o eco não veio,
aquele barulho alto ou mesmo um sussurro
que meus ouvidos ansiaram escutar.
Minha voz bateu num obstáculo qualquer
e voltou a gritar
dentro de mim.
As palavras saíram,
desengasgaram a indignação
que me pesava o peito.
E o eco não veio,
aquele barulho alto ou mesmo um sussurro
que meus ouvidos ansiaram escutar.
Minha voz bateu num obstáculo qualquer
e voltou a gritar
dentro de mim.
Comigo, a casa estava mais vazia. O frio entrava e, dentro de mim, solidificava (p. 17).
Morreste-me é o nome dessa obra de José Luís Peixoto, e seu título delata o impacto que o texto causa no leitor.
José Luís Peixoto é um escritor português cujas obras têm sido premiadas e bem recepcionadas pela crítica literária mundo afora.
Morreste-me é difícil de digerir: traz um tema pesado (com o qual ninguém gostaria de lidar), com uma escrita que potencializa o incômodo do tema.
Em primeira pessoa, o narrador fala da morte do pai, como se com ele conversasse. Relembra os momentos vividos juntos, a aproximação da morte, os ensinamentos do pai, mesclando o passado com o presente: o presente em que o filho não tem mais o pai ao lado.
Continue lendoUm café,
dois,
três.
Novo ofício,
e-mail,
telefonema,
despacho para não sei onde,
reunião com não sei quem.
Espero as 17 horas,
espero o fim de semana,
espero as férias,
espero o Natal,
espero outro ano começar.
De quantos versos
preciso para formar
um poema?
Se eu disser
te amo
posso espalhar por aí
que me fiz
poeta?
Sabe o meu desejo?
Falar de amor
sem parecer
patética,
uma menina que escreve
rimas
num papel de carta.