"4" Post(s) arquivados na Tag: literatura

20 de outubro de 2023

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[Resenha] Capitães da areia

Por Jorge Amado

  • Título Original: Capitães da areia
  • Gênero do Livro: Romance
  • Editora: Companhia das Letras
  • Ano de Publicação: 2009
  • Número de Páginas: 280
Sinopse: Desde o seu lançamento, em 1937, Capitães da Areia causou escândalo: inúmeros exemplares do livro foram queimados em praça pública, por determinação do Estado Novo. Ao longo de sete décadas a narrativa não perdeu viço nem atualidade, pelo contrário: a vida urbana dos meninos pobres e infratores ganhou contornos trágicos e urgentes. Várias gerações de brasileiros sofreram o impacto e a sedução desses meninos que moram num trapiche abandonado no areal do cais de Salvador, vivendo à margem das convenções sociais. Verdadeiro romance de formação, o livro nos torna íntimos de suas pequenas criaturas, cada uma delas com suas carências e suas ambições: do líder Pedro Bala ao religioso Pirulito, do ressentido e cruel Sem-Pernas ao aprendiz de cafetão Gato, do sensato Professor ao rústico sertanejo Volta Seca. Com a força envolvente da sua prosa, Jorge Amado nos aproxima desses garotos e nos contagia com seu intenso desejo de liberdade.
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“Prenda o leitor já na primeira frase” — essa dica não falta quando se trata de orientações para criar narrativas ficcionais. Embora de difícil execução, o conselho se sustenta quando se analisa a concorrência que se impõe aos livros (por exemplo, outros livros e as redes sociais), além da falta de tempo de que todo mundo se queixa. Uma obra que capta a atenção do leitor no primeiro encontro tem mais probabilidade de não se ver revendida num sebo ou esquecida numa estante.

Em caso de livros ou autores célebres, essa característica pode não ter tanto peso. Mesmo que o início não seja tão cativante, a validação prévia da obra nos leva a acreditar que logo adiante nos depararemos com aquele tchã, aquele aspecto que faz a obra aparecer em listas de indicações.

Entre mim e Capitães da areia ocorreu algo desse tipo. A minha leitura do livro começou arrastada, como se ele e eu não tivéssemos ainda nos conectado. Por isso, o deixei por uns dias, troquei-o por outros, fingi que não o via.

Afora o fator que descrevi no parágrafo anterior, sou persistente nas leituras (sinto-me mal por largar alguma pela metade e só o faço depois de avançar por muitas e muitas páginas). Então resgatei esse romance da mesa de cabeceira. Foi aí que o match aconteceu.

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17 de maio de 2023

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[Resenha] Estela sem Deus

Por Jeferson Tenório

  • Título Original: Estela sem Deus
  • Gênero do Livro: Romance
  • Editora: Companhia das Letras
  • Ano de Publicação: 2022
  • Número de Páginas: 184
Sinopse: Um pouco antes das eleições de 1989, a protagonista deste romance migra de Porto Alegre para o Rio de Janeiro. Entre as duas cidades, entre a infância e a adolescência pobres, acompanhamos a trajetória de Estela em meio a uma sequência de violências, faltas e desamparos a que ela, a mãe e o irmão são submetidos. Manifestando suas inquietações com a vida, as perguntas da jovem perscrutam seu mundo e as dores que carrega. Na relação ambígua com a família, nos embates entre religião e liberdade: a força da escrita de Jeferson Tenório surpreende mais uma vez nesta narrativa sobre crescer num país cruel e desigual.
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Estela vive em Porto Alegre com a mãe, Irene, e o irmão caçula, Augusto, quase abandonada pelo pai, que só aparece quando tem vontade. Ela sonha em ser filósofa, embora não saiba o que os filósofos fazem de fato.

As filósofas são assim: dizem palavras que só vão fazer sentido depois de terem feito certas voltas dentro da gente […] (p. 13).

Ao se mudar para o Rio de Janeiro com o irmão sob os cuidados da madrinha Jurema, uma ferrenha religiosa, Estela se vê na contradição entre temer a Deus e não sentir sua presença, entre obedecer à mulher que a acolhe e viver em liberdade.

Estela sem Deus é criação de Jeferson Tenório, autor de O avesso da pele (Companhia das Letras, 2020), livro que lhe rendeu o Prêmio Jabuti. Além dessas duas obras, Tenório publicou O beijo na parede (Sulina, 2013).

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04 de abril de 2023

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[Resenha] O último dia de um condenado

Por Victor Hugo

  • Título Original: Le dernier jour d'un condamné
  • Gênero do Livro: Romance
  • Editora: Estação Liberdade
  • Ano de Publicação: 2010
  • Número de Páginas: 198
Sinopse: Em um romance de surpreendente modernidade, o grande escritor do romantismo se joga de corpo e alma contra a pena de morte. Composta de um texto principal – o diário dos últimos dias da vida de um condenado –, de uma peça na qual personagens inventados por Victor Hugo criticam ferozmente a obra (prefácio à edição de 1829) e de um longo panfleto em defesa da causa (prefácio de 1932), esta edição vem contribuir para um debate em torno de uma discussão que alguns ainda tentam reviver no Brasil. Redigida em primeira pessoa, sentimos como um soco no estômago a voz de alguém que compartilha nossa existência por um tempo determinado. Logo sua cabeça será ceifada pela famosa engenhoca do doutor Guillotin e irá rolar para o cesto que as apara após a decapitação. Num ambiente de trevas, assistimos na própria descrição do condenado hora a hora aos preparativos de sua morte, à sorte de seus companheiros mais felizardos dos trabalhos forçados, à derradeira visita de sua filha que não o reconhece e o afasta ("o senhor me machuca com essa barba"), ao despojamento de seus últimos pertences para companheiros de "fortuna", etc. A obra foi escrita em menos de três meses sob influência de uma execução em Paris à qual Victor Hugo assistiu em 1825.
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O último dia de um condenado vivia ali há anos, esperando que eu o tirasse da estante para alguma coisa mais que limpar e reorganizar o acervo. Eu o comprei em uma promoção, sem qualquer indicação ou pista de seu conteúdo, apenas pelo nome do autor, que também é responsável por O corcunda de Notre Dame (1831) e Os miseráveis (1862).

Esses dois títulos eu não li ainda, mas já vi filmes baseados em suas histórias. Conheço o autor francês pelos versos que inspiraram a canção do Frejat que era um dos hinos da minha adolescência.

Subestimei O último dia de um condenado. Por isso, passei à sua frente tantos outros livros – até aquisições bem recentes. Mas o último carnaval serviu para o nosso encontro. E que encontro!

Nessa obra, acompanhamos a narração dos últimos dias (não só um) – as últimas seis semanas, para ser exata – de um homem condenado à morte na guilhotina em Paris, no século XIX.

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07 de dezembro de 2022

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[Resenha] Terra das mulheres

Por Charlotte Perkins Gilman

  • Título Original: Herland
  • Gênero do Livro: Romance
  • Editora: Rosa dos Tempos
  • Ano de Publicação: 2018
  • Número de Páginas: 256
Sinopse: Publicado pela primeira vez em 1915, Terra das mulheres mostra como seria uma sociedade utópica composta unicamente por mulheres. Antes de o leitor encontrar a suposta maravilha dessa utopia, terá de acompanhar três exploradores ― Van, o narrador; o doce Jeff; e Terry, o machão ― e suas considerações e devaneios sobre o país, no qual, os três têm a certeza de que também existem homens, ainda que isolados e convocados apenas para fins de reprodução. Um país só de mulheres, segundo os três, seria caótico, selvagem, subdesenvolvido, inviável. Uma vez lá, Van, Jeff e Terry se dividem entre a curiosidade de exploradores com fins científicos e o impulso dominador de um homem, oscilando entre tentar entender mais sobre aquela utópica e desconhecida sociedade e o sonho de um harém repleto de mulheres que talvez estejam dispostas a satisfazê-los e servi-los.
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Como seria um mundo em que só existissem mulheres? Foi isso que Charlotte Perkins Gilman imaginou ao criar Terra das Mulheres, romance utópico publicado originalmente em 1915.

Charlotte Perkins Gilman nasceu em 1860, nos Estados Unidos, foi feminista, sufragista, socióloga. Um dos seus trabalhos mais conhecidos é O papel de parede amarelo, conto lançado em 1892.

Terra das Mulheres é narrado por um homem que, junto com dois amigos, visita o país habitado unicamente por mulheres, um lugar organizado, limpo, sem violência ou doenças. Primeiros homens a pisar no local após dois mil anos, os três americanos inicialmente não acreditam que aquela terra seja exclusiva de pessoas do sexo feminino, uma vez que, em sua concepção, elas não teriam condições de levantar construções tão imponentes, nem de se organizar e se governar sem homens, ainda mais em tamanha harmonia (mulheres são competitivas por natureza, eles julgam).

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