07 de dezembro de 2019

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[Resenha] O caderno da avó Clara

Susana Ventura

  • Título Original: O caderno da avó Clara
  • Gênero do Livro: Romance
  • Editora: Sesi-SP
  • Ano de Publicação: 2016
  • Número de Páginas: 152
Sinopse: Múltiplos flashes reflexivos compõem a narrativa de Mari, uma adolescente de 13 anos, deixada com o pai ― a quem pouco conhecia ―, quando a mãe vai realizar parte de seus estudos acadêmicos na Itália. Durante os seis meses que fica na cidade de Brodowsky ― onde o pai vivia ― surpreendentes encontros levam a garota a travar uma aventura sensível, intelectiva e também estética com o mundo da arte e da própria vida. A descoberta de um caderno da avó paterna torna-se núcleo de uma das mais interessantes vivências de leitura: lúdica, terna e propiciadora da trama de uma rede hipertextual. As histórias, cujas origens se perdem no tempo, estão lindamente compiladas pela avó em letra cursiva, revisitadas pela jovem neta ― uma leitora imersiva, própria do século XXI ― que traça caminhos de buscas via internet, enovelam-se em uma rede de conhecimentos, interligando diferentes épocas.
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Hoje trago O caderno da avó Clara, um livro destinado a jovens que faz pensar e diverte ao mesmo tempo.

[O caderno] está todo escrito à mão. Folheio um pouco até perceber que é um caderno de histórias. Estou mesmo cansada, vou parar e dar uma olhada (p. 20).

Escrito por Susana Ventura e ilustrado por Carla Irusta, O caderno da avó Clara conta a história de Mariana (ou Mari), sua relação com o pai que ela não conhecia e o contato com um caderno de histórias escrito à mão por sua avó paterna.

Com treze anos de idade, Mari é obrigada a sair de São Paulo para morar por seis meses em Brodowski, com o pai, enquanto a mãe, que é antropóloga, realiza uma pesquisa na Itália.

A menina chega à cidade sem vontade, desconfiada, já que o pai a tinha abandonado e ela pouco sabe sobre ele.

Os dois se aproximam à medida que ela vai descobrindo sobre a vida dele; vai se envolvendo com a arte que envolve o trabalho do pai e a própria cidade — a terra natal de Candido Portinari; vai lendo as histórias do caderno de Clara e relacionando-as a informações encontradas na internet, em livros e nas próprias explicações do pai.

Mesmo com mais proximidade, Mari continua com o pé atrás com o pai. E é até engraçada a forma como ela fala de seu ressentimento e de seu estranhamento em relação a ele e como sempre aproveita qualquer situação para reclamar (consigo mesma) do abandono.

Ai, meu Deus, que esquisito! Descabelado, de óculos, cara de maluco. Mãe, olha bem para isso! (p.11).

Quero dizer, nem sempre é tão engraçado assim, como se vê no trecho a seguir:

Tipo o meu pai, que me registrou, mas nunca esteve de verdade na minha vida. […] A Ana, que é minha amiga desde o pré, era só filha da mãe dela. A gente aprendeu a ler juntas e quando comparamos a nossa certidão de nascimento vimos que a dela tinha uma porção de lugares vazios. A minha estava toda preenchida […] Mas do que adiantou isso para mim? Na prática eu e a Ana éramos iguais: filhas só de mãe e com família feita de amigos… (p. 44).

Mari é uma garota deste tempo: mesmo viciada em leitura, usa a internet como fonte de informações. É bem informada e curiosa.

O texto é bem-construído e a autora conseguiu abordar um assunto pesado de forma leve e divertida, mas sem deixar de inserir reflexões aqui e ali.

Só tenho uma única ressalva sobre o livro: apesar de o caderno da avó estar em seu título e permear toda a história, inclusive invadindo um sonho da menina, não me pareceu que esse seja o ponto central do enredo — que, na minha opinião, foca mais na relação entre pai e filha.

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