29 de junho de 2018

4 Comentários

Minhas leituras

Quem leu sobre mim ou me escutou dizer sabe que nem sempre li muito, mas hoje ouço as pessoas próximas comentarem que sou uma leitora ávida (e, só aqui entre nós, meu esposo tem uma ponta de inveja da rapidez com que termino um livro).

Acredito que não leio tanto quanto outras blogueiras por aí, pois, embora maximize meu tempo (como minha amiga Eliete sempre diz) para conciliar o trabalho com as leituras, a escrita, as séries e os penduricalhos que crio pelo caminho (como se não fosse o caso dela também), o tempo não dura tanto tempo; o tempo corre de mim e não deixa nem rastro para que eu possa acompanhá-lo. Por isso, tenho consciência de que jamais encerrarei minha lista de desejos, mas ela não deve ser encerrada mesmo.

Além de fazer minhas próprias escolhas literárias, sou assinante do clube TAG Livros e todo mês recebo um kit composto por um livro surpresa, uma revista e um brinde. Entrei para o clube em dezembro de 2017 e até o momento recebi obras que encantam no primeiro olhar, com edições exclusivas e bem-feitas. Os livros geralmente não são conhecidos pelo grande público e, às vezes, nem encontrados nas livrarias.

Até agora, a experiência tem sido satisfatória porque me dá a oportunidade de conhecer trabalhos que provavelmente não procuraria por iniciativa própria (por puro desconhecimento). Além disso, os livros vêm acompanhados de uma revista com comentários sobre as obras, seus criadores e o contexto de criação.

Meu ingresso no clube foi premiado com A praça do diamante, de Mercè Rodoreda, uma história que se passa na Barcelona da década de 1930 e nos apresenta Natália, uma moça ingênua que luta contra as adversidades; o segundo livro foi o Retorno a Brideshead, de Evelyn Waugh, um romance também de época, mas ambientado na Inglaterra, no período entre as duas guerras mundiais, fazendo o gênero Downton Abbey; o terceiro, O Alforje, de Bahiyyih Nakhjavani, trouxe um ar místico e um perfume que permanece até agora em meu nariz e conta a mesma história pela perspectiva de personagens diferentes; o quarto foi Só garotos, de Patti Smith (acompanhado de Devoção); em abril, veio The underground railroad: os caminhos para a liberdade, de Colson Whitehead; em maio, foi a vez de Tempo de migrar para o norte, de Tayeb Salih.

Recentemente minha querida amiga Ana e eu passamos a participar do grupo Leia Mulheres Brasília, um projeto que incentiva a leitura de obras de diferentes autoras, partindo da constatação de que o mercado editorial não favorece as mulheres e de que há uma cultura, mesmo entre as leitoras, de privilegiar os escritores do sexo masculino.

Percebi essa realidade em minha própria experiência de leitura. Meses atrás, notei que em minha estante poucos livros haviam sido escritos por mulheres (Jane Austen vivia um pouco solitária) e que eu não sabia citar rapidamente o nome de uma escritora que admirasse — e não por falta de mulheres na literatura.

Com essa avaliação, resolvi conhecer mais escritoras e me apaixonei pelo ensaio de Virginia Woolf, em Um teto todo seu, justamente sobre as dificuldades da mulher escritora. Ana me apresentou a bell hooks, com sua análise sobre a nossa necessidade de aprovação masculina e sua exaltação à comunhão feminina, em Communion; e a Toni Morrison, com sua crítica tocante ao racismo em O olho mais azul. Fui apresentada também a María Dueñas, com a linda história da costureira que vive de se metamorfosear em O tempo entre costuras. Aproximei-me de Chimamanda Ngozi Adichie e de seus contos que retratam a vida de nigerianos, especialmente aqueles que vivem o sonho americano, em No seu pescoço. Houve também os encontros que a TAG me proporcionou com aquelas três autoras: Mercè Rodoreda, Bahiyyih Nakhjavani e Patti Smith.

Mas esse contato ainda não era suficiente. Por isso, me interessei pela proposta do Leia Mulheres quando ouvi Lorena Nery Borges mencioná-lo em um encontro que tratava especialmente do lugar que a mulher ocupa na literatura, dos espaços que consegue conquistar. O Leia Mulheres não é um movimento para discriminar os homens, como alguns podem alegar, mas para valorizar o trabalho das escritoras. Os encontros mensais são para discutir títulos diversos, e os livros dos encontros aos quais comparecemos foram Frankenstein ou o Prometeu moderno, de Mary Shelley, um surpreendente romance de terror, e Olhos d’água, de Conceição Evaristo, uma coletânea de contos que retratam a realidade de forma poética.

Tenho me interessado também por obras infantis e juvenis (não somente com o objetivo de aprender com o trabalho de outros autores, mas por pura fruição também).

Confesso que tenho uma tendência a buscar autores mais conhecidos ou livros clássicos — outro hábito que estou disposta a modificar, pois, como escritora iniciante, preciso valorizar também os trabalhos daqueles que, como eu, estão começando e querem mostrar seu talento.

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4 Comentários

  • Sérgio
    02 julho, 2018

    Eu sou o esposo🙄🙄🙄🙄❤

    • Eriane Dantas
      02 julho, 2018

      Que felicidade ver você aqui! ❤
      E eu não chamei você de invejoso não. Rs

  • Eliete
    01 julho, 2018

    Esse blog é um presente, desses que vem dentro de várias caixinhas, que a cada uma que abrimos nos deparamos com uma surpresa diferente. Parabéns Eri! Sucesso! 😘

    • Eriane Dantas
      01 julho, 2018

      Muito obrigada, Eliete! Você também fez parte da construção dele.

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